quinta-feira, 31 de julho de 2025

Quem não tem coragem, não consegue assumir a sua própria individualidade, e não conquista o que deseja nem o seu lugar único no mundo

Além da superioridade militar imposta por suas armas de metal e pelo uso da pólvora, houve diferenciais silenciosos e sorrateiros que fizeram com que as vitórias dos espanhóis não se dessem só por tais razões. Primeiro, houve um componente religioso por detrás: muitos nativos acreditaram que Pizarro era o deus Viracocha que estava retornando. Segundo, houve um componente político: tribos subjugadas e inimigas dos impérios Inca e Asteca se juntaram aos espanhóis para derrubar a seus imperadores inimigos e deles opressores. Estes dois fatores estiveram presentes tanto na vitória de Francisco Pizarro sobre Atahualpa, líder do Império Inca, no Peru, quanto na de Hernán Cortés sobre Moctezuma, líder do Império Asteca, no México. Mas houve um terceiro fator, e o mais marcante: em todas as Américas as doenças que chegaram com os europeus - varíola, sarampo, tifo e peste bubônica - provocaram um genocídio silencioso, matando 95% da população nativa pré-colombiana.
Embora os germes não tenham atuado só num sentido - febre amarela, malária e outras doenças tropicais também mataram muitos colonizadores europeus nas Américas, na África e na Índia - a proporção de mortes claramente pendeu muito mais para um lado do que para outro. Há uma razão para que assim tenha sido: doenças infecciosas como varíola, sarampo e gripe surgiram como germes em seres humanos derivados, por mutação, de germes ancestrais semelhantes que infectavam animais. Logo, os humanos que domesticaram animais séculos antes na Eurásia, muito antes de que aquele encontro tivesse acontecido, foram as primeiras vítimas destes germes, acabando por desenvolver resistência a eles. Quando entraram em contato nas Américas com povos sem resistência a tais germes, provocaram epidemias mortais que devastaram populações inteiras.
Todos estes fatores juntos são realidades que precisam ser entendidas para que se tenha uma correta compreensão das causas e consequências que se desenrolaram por detrás deste reencontro entre as diferentes frentes da espécie humana que milênios antes tinham se dispersado pelo planeta. Entretanto, para efeito do domínio político instaurado paulatinamente a partir do primeiro contato, o fator mais relevante dentre todos os outros foi o diferencial do volume de conhecimento acumulado. A grande diferença foi a de que os europeus detinham o controle da escrita, grande difusor de conhecimento (entre os quais os da navegação), enquanto os povos conquistados não tinham tal domínio. Nas Américas, a habilidade de escrever estava restrita às elites de alguns povos de onde hoje é o México. Já os europeus, além da escrita, dominavam também as técnicas de impressão, grande difusora de conhecimento. Ainda que Pizarro e seus homens fossem analfabetos, eles tinham acesso a conhecimentos que lhes foram ensinados e que só puderam ser propagados em função da escrita e da impressão.
As terras às quais os espanhóis chegaram tinham um longo histórico de desenvolvimento e evolução próprios, onde estiveram presentes todos os elementos que marcaram processos evolutivos da espécie humana em todas as demais regiões do planeta. Entretanto, quando os navegadores espanhóis chegaram às Américas havia apenas dois "Estados" claramente definidos no novo continente: os astecas na região onde hoje é o México, e os incas na região onde hoje é o Peru e seus entornos.
Em suas cartas e comunicados, o navegador Hernán Cortés escreveu sobre grandes cidades, reinos e por vezes repúblicas, mas jamais se perguntou quais poderiam ser considerados um "Estado", até porque este conceito mal existia ainda naquela época. Ele hesitou em chamar Moctezuma de imperador, até porque não o igualaria a seu soberano, o rei Carlos V, mas a sociedade mexica tinha todos os elementos de um "Estado político" organizado: planejamento administrativo e ordenamento urbano, hierarquia militar e unidade religiosa, a qual fazia o papel de controle da informação sobre os conhecimentos a respeito das divindades que acreditavam que controlavam o mundo.
No Império Asteca, os meninos quando nasciam recebiam um escudo e quatro flechas, com as parteiras orando para que fossem guerreiros valiosos. Como em todas as sociedades humanas ancestrais por todo o planeta, era a representação da associação do ser masculino à figura da guerra e da caça. Ao nascerem as meninas recebiam rocas e teares, numa associação à figura feminina à dedicação às tarefas domésticas e de sustentação alimentar da comunidade. Isto não foi de todo a regra por todo o planeta nas nossas sociedades ancestrais, já que nem toda sociedade no passado da humanidade esteve assim organizada, mas foi como a ampla maioria delas se estruturou desde o passado mais remoto da história humana.
Historicamente, na Mesoamérica a primeira grande civilização foi a olmeca, ainda que estes não possam ser considerados um único grupo étnico ou político. Eles deixaram uma ampla variedade de cerâmicas, estatuetas e esculturas antropomórficas com uma identidade cultural facilmente reconhecível, datadas do período entre 1.500 e 1.000 a.C., e encontradas em diversos pontos de uma imensa área da América Central e do sul do México. Foram eles os inventores dos sistemas de calendário, das escritas com glifos e dos jogos de bola, variantes comuns de todas as civilizações que ocuparam a Mesoamérica a partir de então. A realização cultural mais característica deste povo foram as imensas cabeças de dimensões colossais esculpidas em pedra basalto, pesando toneladas, encontradas por todas as regiões por eles ocupadas, onde não foram encontradas quaisquer evidências arqueológicas de uma estrutura militar e administrativa estável, apenas de controle de uma extraordinária difusão cultural a partir de centros cerimoniais únicos.
Somente muitos séculos depois da cultura olmeca, por volta do ano 1.150 d.C., que o povo mexica migrou de uma região mais ao norte dali rumo ao sul, saindo das terras que eles chamavam de Aztlán (cujo local exato é desconhecido) em direção ao vale central do que hoje é o México. Buscavam o local onde as profecias diziam que construiriam um grande império, que deveria ser fundado no local exato onde avistassem uma águia comendo uma serpente em cima de um cacto. Foi onde construíram Tenochtitlán e fundaram o império da Tríplice Aliança Asteca, união política entre as três maiores cidades-Estados náuatles: Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopan.
Em sua migração e no seu posterior processo de domínio e ocupação de populações adjacentes, depararam-se com ruínas de cidades colossais abandonadas por outros povos anteriores a eles que também tinham construído grandes impérios e centros cerimoniais. Foi o caso da enorme cidade de Teotihuacán, a qual hoje se sabe que teve o seu auge cerca de oito séculos (800 anos) antes da chegada do povo mexica à região onde foi construída Tenochtitlán, as duas separadas por uma distância de pouco mais de 50 quilômetros. O declínio de Teotihuacán ocorreu por volta do ano 600 d.C. e quando os astecas a descobriram, maravilhados, chamaram-na de "Lugar dos Deuses", tendo sido eles quem batizaram seus monumentos como "Pirâmide do Sol", "Pirâmide da Lua" e "Calçada dos Mortos". Não restou qualquer relato do propósito para o qual os teotihuacanos tinham construído aquelas edificações colossais.
Os cidadãos de Teotihuacán tinham sido prolíficos artesãos e criadores de imagens, tendo deixado para a posteridade desde monumentais esculturas de pedra até minúsculas figuras de terracota detalhadamente trabalhadas, além de murais vividos de registros de suas atividades humanas. Em nenhum destes registros havia qualquer imagem com representações de soberanos subjugando subordinados, como era comum nas artes equivalentes deixadas por povos que foram seus contemporâneos na Mesoamérica, como os povos zapoteca e maia, para os quais este tema é constante nas obras por eles deixadas. Entre os períodos de Teotihuacán e Tenochtitlán, também houve outras grandes civilizações mesoamericanas na região, como Monte Alban (500 a 800 d.C.), Tula (850 a 1.150 d.C.) e Cahokia (800 a 1.200 d.C.). Várias expressivas civilizações, mas nenhuma com escala similar à obtida pelo Império Maia.
Na época da chegada dos espanhóis às Américas já se havia passado seis séculos desde o colapso da Civilização Maia, cujas sociedades sobreviventes composta por seus descendentes estavam descentralizadas e divididas numa enorme variedade de municipalidades e principados, muitos dos quais já não tendo mais a um soberano. Seu calendário, detalhadamente esculpido em pedra, registra a criação de seu povo num período próximo a 3.100 a.C., e seus registros, compilados no final do Século XVI nos livros Chilam Balam, tratam incessantemente de desastres e tribulações que acometeram a governantes opressores e despóticos, contra quem acabaram havendo rebeliões que os derrubaram. Uma história igual a tantas outras vividas em tempos paralelos na Europa, na Ásia ou na África. Regressaremos à história maia quando viermos refletir sobre os fracassos de nossa coletividade humana.
A América do Sul também registrou a sua história própria de desenvolvimento civilizatório. Nela, alguns tipos de centros cerimoniais monumentais já existiam desde 3.000 a.C., tendo deixado seus restos para serem explorados por arqueólogos em tempos mais modernos. Posteriormente, entre 1.000 e 200 a.C. há indícios de um único centro - Chavín de Huántar - no planalto setentrional de onde hoje está o Peru, tendo este exercido uma grande influência cultural na região, derivando em três centros políticos: nos planaltos centrais surgiu um grupo militarizado, os wari; nas margens do Lago Titicaca emergiu a metrópole de Tiwanaku, com seus 420 hectares, alimentada por um engenhoso sistema de lavouras elevadas que permitiu o cultivo agrícola nas altitudes gélidas do altiplano boliviano; e no litoral norte do Peru se formou a cultura mochica, com seus luxuosos túmulos de sacerdotisas-guerreiras recobertos de ouro. Nada em Chavín de Huántar indica a presença de um governo secular. Não há fortificações militares nem distritos administrativos óbvios. Quase tudo parece ter a ver com cerimônias rituais e conhecimentos esotéricos.
Estas civilizações precederam ao grande império que ali existia na época da chegada dos espanhóis, o Império Inca. Nele, as montanhas representavam a espinha-dorsal do poder imperial (curiosamente o oposto da Europa e da Ásia, onde as montanhas serviam de abrigo a rebeldes e heréticos que se refugiavam em terras altas para fugir do poder coercitivo de reis e imperadores). No topo da Cordilheira dos Andes, mais próximos à "Morada dos Deuses", estava o super-reino de Tawantinsuyu, cujo significado na língua quechua era algo próximo a "regiões estreitamente unidas", referindo-se aos quatro "suyus", as grandes unidades administrativas de poder do Sapa Inca.
Da capital Cusco, os incas da realeza extraíam a mita, um imposto sob a forma de trabalho ou corveia recolhido de todo o império, que se estendia por uma região que ia desde onde hoje está a cidade de Quito, capital do Equador, até a cidade de Santiago, hoje capital do Chile - um território de aproximadamente 4 mil quilômetros - onde era exercida a soberania do "Deus Sol" sobre 80 províncias contíguas e incontáveis grupos étnicos distintos. Os primeiros europeus os consideravam administradores magistrais. Conforme relato de Pedro Cieza de León em seu livro de 1.553 intitulado "Crônicas do Peru": "em cada capital de província havia contadores chamados de guardiões e ordenadores de nós, que registravam e contavam o que fora pago em tributos (estes nós na língua quechua se chamavam "khipukamayuqs"), podendo ser estes registros equivalentes desde prata, ouro, roupas e animais de rebanho até lã e outras miudezas. Estes nós podiam produzir um registro de tudo que havia sido pago num decorrer de ou um ou dez ou vinte anos, e mantinham tão bem as contas que não deixavam passar sequer um par de sandálias". Para fazer os registros, os nós nas cordas tinham variação de tamanho e diferentes combinações de cores.
Toda esta história do continente anterior à chegada dos navegadores que cruzaram o Oceano Atlântico a partir da Europa, e que com suas grandes navegações transoceânicas proporcionaram um reencontro da humanidade ao aportarem nas Américas, reforça a imensa complexidade por trás das dispersões e desenvolvimentos da história humana. Ainda que claramente uns tenham conseguido se impor e subjugar aos outros, toda ela é retrato de uma história na qual não havia melhores ou piores, assim como em toda a história sapiens, o que havia eram diferenças que se juntaram e construíram um processo de transformação social e cultural conjunto.
Entre similaridades e diferenças, realçam-se histórias de bravura e coragem que moldaram o destino da nossa civilização, inspirando transformações que nos forjaram. A humanidade sempre desafiou os limites do possível, e esta característica foi o que nos trouxe a tudo que nos cerca até aqui. Enfrentar ao desconhecido com determinação exigiu muita coragem, além de espíritos e mentes inquietos, capazes de sonhar além de seu tempo. Nem tudo foi glória, tanto atrevimento custou muitas vidas humanas, e o que é mais doloroso, principalmente vidas jovens. Entretanto, o espírito humano provou a resiliência da espécie Homo sapiens, sempre encontrando força na união e esperança num futuro mais promissor. Cada geração teve a sua própria saga, e assim foi por todos os rincões e entre todos os povos que pisaram sobre o Planeta Terra. Nossa história, muito mais do que apenas um relato de conquistas materiais, é sobretudo um tributo à indomável capacidade humana de superar o medo e transformar tudo que está a seu redor.

O ser humano, por sua natureza, tende a poupar esforço cognitivo, pois nosso cérebro é um devorador de energia. Assim, como dinâmica padrão, estamos sempre buscando poupar esforço para conservar potência. Essa perspectiva, traz consigo um reconhecimento de uma tendência humana de se ater à realidade já existente, já conhecida, em detrimento a lidar e enfrentar o desconhecido. Por causa desta característica humana biológica, a coragem para empreender e se aventurar é fator diferencial, porque ela nos tira do senso comum. Complementarmente a isto, nossa história nos dá uma grande lição: ainda que a coragem seja fator fundamental para o alcance da plenitude humana, ela só tem sentido quando é dosada pela sabedoria acumulada.
É fator essencial: a coragem tem que ser combinada com sensatez e conhecimento. Na nossa história, se estas forças tivessem sido sempre equilibradas, nossa bravura para enfrentar e domar o desconhecido teria custado muito menos, com a nossa espécie tendo entregado muito menos vidas jovens a tais aventuras e desbravamentos. Tal qual, esta lição serve à vida de cada um de nós. Precisamos ter consciência de que devemos ter muita coragem para enfrentar os desafios com os quais nos deparamos ao longo de nossas vidas, mas precisamos ter sensatez sempre para saber dosar até onde estamos dispostos a assumir riscos. Nesta cruzada, há que ter consigo boas doses de racionalidade e conhecimento, assim como saber encontrar a atitude certa para se posicionar para impor limites e alcançar conquistas. São as escolhas que fazemos o que determina os caminhos de nosso destino.
Um relato histórico que bem retrata a importância de tais fatores é contado numa tragédia que foi muito bem catalogada e registrada, e que serve de referência para outras muito parecidas que ocorreram ao longo da história humana: em dezembro de 1.835 o povo maori partiu do leste da Nova Zelândia com 900 homens em embarcações para invadir as Ilhas Chatman, onde vivia um povo de caçadores-coletores chamado moriori. Indiscriminadamente, os maori dizimaram aos moriori - idosos e crianças, homens e mulheres; independente de idade ou gênero, todos foram mortos -. Uma resistência organizada dos moriori poderia ter evitado o massacre, pois eles tinham o dobro de homens para lutar e se defender, mas suas tradições envolviam resolver todos os problemas e conflitos pacificamente, sempre reunidos num conselho, e por causa disto decidiram não lutar, porque acreditavam que poderiam resolver aquela situação da mesma forma. Pagaram com suas vidas por tal decisão.
O povo maori era uma numerosa população de agricultores, cronicamente envolvido em constantes guerras ferozes, tinha tecnologias e armas melhores, e agia de forma organizada e sob uma liderança forte. O povo moriori só tinha artefatos rudimentares, além de que era inexperiente em matéria de guerra. O resultado final era previsível, com os maori tendo chacinado aos moriori. Uma história que ilustra a importância de como uma consciência a respeito de causas e consequências é fator fundamental para embasar escolhas em tomadas de decisão.
Um milênio antes, estes dois grupos tinham a um mesmo povo como ancestral comum, sendo ambos grupos polinésios que migraram por volta do ano 1.000 d.C. para estas ilhas da Oceania após partirem da Austrália. É uma história que representa toda a experiência humana, em pequena escala, de como os ambientes afetaram a evolução organizacional das sociedades humanas ao longo da história, e sobre como as escolhas regidas pelas respectivas culturas definiram destinos. A corrida por deter conhecimento construiu suas consequências.
Para ter uma consciência clara a respeito de como se posicionar e agir diante de riscos, é fundamental levar consigo conhecimento, pois só a sabedoria nos leva às melhores escolhas. Esta é uma verdade que foi retratada na própria história das Grandes Navegações que foi aqui narrada. Entre os Séculos XVI e XVIII, dois milhões de marinheiros morreram nos mares por causa do escorbuto, uma doença cuja origem era um mistério. A dieta durante as viagens dos navegadores que se embrenhavam em tais aventuras era feita à base de biscoitos e carnes secas, não incluindo frutas e legumes. Somente em 1.747 o médico britânico James Lind descobriu a causa do escorbuto: falta de vitamina C. Uma falta de um conhecimento simples que matou milhões de pessoas!
Para as muitas vidas perdidas durante as ousadas demonstrações destemidas e intrépidas de se lançar às águas turbulentas do Oceano Atlântico em busca de um sonho, de nada serviu ter apresentado tamanha coragem. Para nós, como indivíduos, tudo é uma questão de se encontrar a dosagem certa, uma vez que tampouco a falta de coragem proporciona algo de concreto. Já disse uma vez um poeta: navios que ficam sempre ancorados no porto podem ser mais seguros, já que nunca correm perigo, mas navios não foram feitos para isso, logo se nunca assumissem riscos, não haveria razão pela qual devessem ter sido construídos, logo nunca teriam existido.
Todos estes componentes apresentados de formatação da coragem dentro de cada um de nós se sustentam sob fatores muito similares, nas formas de construção de nossa relação com tudo que nos cerca. A nossa propensão a ter ou não coragem para enfrentar os desafios que a vida nos apresenta se relaciona intimamente com a forma como lidamos com toda a herança que recebemos, tanto pelas regras nos apresentadas por nosso universo e nossa natureza, quanto pelas condições nos apresentadas pela nossa humanidade civilizatória, pelas características dentro das quais estamos imersos em nossa terra, por nossa cultura e por nossos conhecimentos acumulados. Como lidar com tudo que está ao nosso redor? É preciso coragem, e bastante, porque necessitamos disto no que é mais elementar, sendo necessário coragem para pensar diferente do todo a qual cada um está imerso, para que assim cada qual busque e encontre a sua própria identidade, dizendo ao mundo quem é você, construindo e contando a sua própria história, deixando uma marca única, que só você é capaz de deixar.
É fundamental que nós como seres humanos, dentro do contexto de propósito que cada um de nós tem em nossas respectivas vidas, sejamos capazes de superar a superficialidade. Isto depende de muita reflexão, para efetivamente extrair dos fatos que você viveu as suas ideias próprias, o seu conceito, unicamente seu, sobre qual efetivamente é um entendimento do mundo, aquele exclusivamente seu, diferente de qualquer outro. Uma identidade unicamente sua só é obtida com o aprofundamento de nossos próprios pensamentos, relacionados às experiências que cada um viveu unicamente na sua vida, a qual não é comparável àquelas que qualquer outro teve.
É preciso coragem para operacionalizar o seu pensamento, saber manejá-lo, questionando quais ideias foram impostas pelos outros a você e quais são suas próprias crenças, unicamente suas, para assim construir as próprias ideais a partir da sua experiência de vida individual, aquela exclusiva a cada um de nós.
Não quer dizer que você não deve considerar tudo à sua volta e construir um mundo no qual só você vive, muito pelo contrário, pois a vida humana não é assim. É preciso aprender constantemente com o pensamento dos outros, assim como com tudo que a vida nos apresenta, recriando tais pensamentos, buscando aprendizado o tempo inteiro, para assim moldar o mundo às suas próprias experiências, aquelas que são exclusivamente suas, ao mesmo tempo em que molda você ao tudo que existe no seu entorno.
Trata-se de estar sempre observando, pois é a partir do que vivemos e absorvemos que vamos construir um entendimento daquilo que funciona em volta de nós, a partir do qual vamos moldar a nossa personalidade individual, que estará o tempo todo em transformação, porque precisamos apresentar estes princípios às impressões dos demais com quem convivemos. Na vida, é preciso ter um constante ânimo de aprendiz, estar buscando aprender sempre coisas novas, o tempo todo, porque é isto e somente isto o que nos faz crescer.
É necessário estar o tempo todo refletindo, chegando a conclusões, e submetendo estas para aqueles que te cercam, num processo contínuo de apresentar seus pontos de vista e trocá-los com os dos demais, para ensinar aquilo que a vida te mostrou com as experiências que foram só suas, e ao mesmo tempo aprender com as lições de vida que cada um dos demais teve e que são exclusivamente deles, encontrando pontos comuns para que assim estejamos sempre aprendendo uns com os outros e construindo uma coletividade melhor. Entendendo isto, você está entendendo o que é dito de forma mais complexa como sendo a dialética das relações humanas, com seus processos constantes de construção de teses, sínteses e antíteses o tempo todo moldando cada processo contínuo de construção, desconstrução e reconstrução.
Só com coragem estas relações são construídas eficientemente, de forma a te proporcionar a aprendizagem constante, aquela que é o que te proporciona crescimento individual. Quem não tem coragem, não consegue assumir a sua própria individualidade. E é a partir disto que conquistamos o que desejamos, aquele que é o nosso lugar único no mundo. Se você não se expressar, se você não construir, ninguém fará por você. Esta será a escolha que te proporcionará evolução.

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