BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. Editora Fundamento, 2008. (308 páginas)
- Para explicar o Século XX, há que se voltar um pouco no tempo. Qual destes dois fenômenos contemporâneos entre si impulsionou qual: o rápido crescimento da produção industrial ou a grande explosão populacional? O aumento da população estimulou a decolagem industrial, cujas inovações por sua vez estimularam o crescimento populacional. Um não teria chegado muito longe sem o outro, mas onde foi dada a largada? Só trabalhadores de fábrica em massa poderiam operar a decolagem industrial e uma produção em escala mundial, mas só com produção industrial em massa e exportações seria possível sustentar a população crescente.
* MORLAND, Paul. A Maré Humana. Editora Zahar, 2019
- Numa relação causa-consequência, a expansão demográfica foi uma consequência dos avanços tecnológicos que permitiram condições mais favoráveis à proliferação da vida humana, ao mesmo tempo em que este crescimento populacional consequente retroalimentava a capacidade de contínua expansão econômica-industrial.
- A partir de 1850 o motor da Revolução Industrial se deslocou da Inglaterra para os Estados Unidos. Lá foram inventadas a central de energia elétrica, as redes de transmissão de eletricidade, o gramofone, o telefone, a câmera e o filme de celuloide mais baratos, os arranha-céus (edifícios construídos em aço), os elevadores, as técnicas de extração e refino de petróleo, o avião e um incrível metal leve chamado alumínio. Em paralelo, a Europa Continental inventava a transmissão de ondas de rádio, o raio-x, explosivos capazes de destruir rochas, o motor de combustão interna, e vários tipos de rifles e metralhadoras. A revolução nos Estados Unidos se viabilizou através da constituição pelas instituições políticas locais de um eficiente sistema de patentes que protegeu os direitos de propriedade de ideias, e assim estimulou a inovação. Mais uma vez na história humana o motor da transformação tecnológica foi a inovação; desta vez, no entanto, numa escala nunca antes experimentada pela humanidade.
- Entre 1815 e 1914, a Europa enfrentou uma única guerra que envolveu mais do que três grandes nações, a Guerra da Criméia, que durou três anos, quando Grã-Bretanha e França tomaram partido da Turquia, enquanto a Rússia permaneceu sozinha durante o confronto. Estima-se que o conflito tenha gerado aproximadamente 650 mil mortes.
- A virada do Século XIX para o Século XX foi marcada pelo terrorismo do Movimento Anarquista: em 1894, Sadi Carnot, presidente da França, viajava de carruagem em Lyon quando um conhecido anarquista italiano, o jovem Sante Geronimo Caserio, lançou-se sobre ele e o apunhalou, matando-o; em 1897, o primeiro-ministro espanhol Antonio Cánovas del Castillo passava um feriado na estação de águas Santa Aguada, em Gipuzkoa, quando foi morto a tiros por outro anarquista italiano, Michele Angiolillo; em 1898, a imperatriz da Áustria passeava incógnita pelas ruas de Genebra - um ato inacreditável para a monarca de um dos cinco maiores potências do mundo naquele momento - quando foi apunhalada até a morte por outro anarquista italiano; e em 1901, o presidente dos Estados Unidos, William McKinley, foi morto pelo anarquista Leon Czolgosz. Na história da humanidade, o terrorismo é uma velha atividade que aparece, desaparece e reaparece.
- O budismo e o cristianismo eram as religiões mundiais com maior número de adeptos, e ambas pregavam que a vida terrestre era imperfeita, e que a morte não era o fim da vida, havendo uma vida após a morte numa outra esfera espiritual infinitamente mais gratificante. O Império Otomano - com base a partir de Constantinopla, e dominando boa parte da Ásia Menor, da Península Arábica, e um pedaço do norte da África e dos Bálcãs - era o único defensor poderoso do islamismo. Mas as três grandes potências econômicas do mundo naquele momento - Grã-Bretanha, Alemanha e Estados Unidos - eram protestantes e não católicas.
- No início do Século XX, o Império Britânico e a China tinham, cada um, 400 milhões de habitantes, abrigando, em conjunto, a metade da população mundial. Em extensão territorial, o Império Russo cresceu muito rápido, estendendo-se desde o Mar Báltico, na Europa, até o Oceano Pacífico, no extremo oriente da Ásia. Em tamanho, somente o Império Britânico o excedia. Tal abrangência e rapidez de crescimento, deu a muitos a sensação de que o século que se iniciava seria dominado pela Rússia.
- O Século XX marcou uma revolução na massificação do conhecimento: os países com padrão econômico de vida mais alto instituíram pela primeira vez na história uma frequência escolar obrigatória e uma erradicação do trabalho infantil. Os frutos de tal decisão foram se espalhando ao longo do século para as regiões economicamente mais frágeis, propiciando uma grande e lenta transformação de longo prazo.
- A vida era precária, sobretudo fora do eixo de países mais desenvolvidos. A taxa de mortalidade de crianças e de pessoas de meia-idade era alta. As calamidades naturais eram frequentes. Havia períodos de fome severa, sobretudo na Ásia e na África. Pragas batiam constantemente às portas das cidades. Mais da metade das pessoas que viviam no planeta nunca tinham visitado a um médico em suas vidas. Durante cerca de 200 mil anos a expectativa média de vida das pessoas no Planeta Terra foi inferior aos 30 anos. Com os avanços de padrão alimentar, saneamento, higiene e pelos avanços da medicina, a esperança de vida passou a subir no Século XIX, tendo em 1900 alcançado aproximadamente 32 anos. à medida na qual a educação básica ficou mais disponível a todos, uma população educada tendia a viver mais, sendo mais capaz de compreender como cuidar melhor de si mesma e de seus filhos. Ao fim do Século XX, teria mais do que duplicado em relação a este patamar, passando a ser de 66,5 anos, na média de todos os habitantes da civilização humana.
- A guerra mais importante que aconteceu entre 1900 e 1914 foi entre Rússia e Japão, ambos determinados a expandir seus domínios através das frias regiões do nordeste da Ásia. Este breve conflito estourou na Manchúria em 8 de fevereiro de 1904 e deu início a profundas mudanças políticas, acelerando o processo que levou à revolução popular de esquerda na Rússia.
- Na Europa, tensões e conflitos se manifestavam onde minorias étnicas num país ou do outro lado de uma fronteira, como nos casos da Irlanda na Grã-Bretanha, nos Bálcãs, entre eslavos e alemães, e nos Alpes entre italianos e austríacos. As duas Grandes Guerras Mundiais no Século XX eclodiram em regiões nas quais grandes potências defendiam sua soberania e seu prestígio perante outros grupos étnicos.
- Nos Bálcãs, três povos e suas respectivas religiões competiam. Os turcos não detinham mais o controle da região, mas grandes populações muçulmanas haviam permanecido nela. Em Sarajevo, metade da população era muçulmana e frequentava cultos em cerca de cem mesquitas. Como Sarajevo fazia parte do Império Austro-Húngaro, os muçulmanos que ali habitavam eram governados por austríacos católicos sediados em Viena. A mesma cidade abrigava uma grande população Cristã Ortodoxa, ligada à religião do Antigo Império Romano do Oriente, cuja sede havia migrado havia muitos anos de Constantinopla para a Rússia, e leal ao novo Reino da Sérvia, do outro lado da fronteira com a Áustria-Hungria, numa "irmandade eslava". Em meio a este caldeirão de seguidores do Cristianismo Católico, do Cristianismo Ortodoxo, e do Islamismo, eclodiu a Primeira Guerra Mundial.
- Foi um patriota da "irmandade eslava" - que unia ortodoxos da Áustria-Hungria à Sérvia e à Rússia - de nome Gavrilo Princip, membro de uma sociedade secreta eslava chamada "Mão Negra", quem recebeu do exército sérvio seis bombas e quatro revólveres para executar um atentado em Sarajevo contra o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da monarquia do Império Austro-Húngaro. Em 28 de junho de 1914, enquanto Ferdinando fazia a inspeção militar oficial de suas tropas, acompanhado por sua esposa Sofia, numa limusine conversível que passava de capota abaixada, eles foram alvos de uma saraivada de tiros, que mataram ao casal real. Os austríacos ficaram revoltados. A frouxidão de controle da Sérvia foi responsabilizada pelo assassinato, com endosso indignado da Alemanha. A Sérvia pediu desculpas, porém não com rapidez suficiente. Apenas um rio separava Belgrado, capital do país que não tinha acesso ao mar, da Áustria-Hungria. Em 29 de julho de 1914, um mês após o assassinato, um primeiro ataque militar austríaco aconteceu sobre a capital sérvia. Prontamente a Alemanha se pôs ao lado do Império Austro-Húngaro, e a Rússia se pôs ao lado da Sérvia. Dentro de umas poucas semanas, outras potências tinham aderido ao conflito: França e Grã-Bretanha, com medo da ascensão econômica da emergente Alemanha, aliaram-se à Rússia, enquanto o Império Otomano (Turquia) e a Bulgária aliaram-se à Alemanha. Logo o Japão foi mais um a aderir contra a Alemanha, mas disponibilizando apenas a sua marinha, negando-se a enviar seu exército. A Itália, para surpresa geral, apoiou a França e Inglaterra, colocando-se contra os alemães.
- O desenho do conflito inicial estava formado, de um lado um eixo central formado por Alemanha, Império Austro-Húngaro, Bulgária e Império Otomano, do outro os aliados eram Rússia, Sérvia, França, Grã-Bretanha e Itália. A Bélgica tinha a intenção de ser neutra, mas invadida pela Alemanha, para que esta alcançasse Paris, foi uma mais a se alinhar a estes aliados. Entre os países neutros, na parte oriental do continente estavam Grécia, Romênia e Albânia, na parte central a Suíça, e na parte ocidental, Espanha, Portugal e Holanda, assim como os países nórdicos também se mantiveram neutros (Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia). Com o decorrer dos conflitos, Portugal, Romênia e Grécia também acabaram sendo forçados a abandonar a sua neutralidade.
- A economia mais produtiva possibilitou que um grande número de homens fosse incorporado rapidamente aos combates, enquanto mulheres eram deslocadas para trabalhar em fábricas de munições. Enquanto nas Guerras Napoleônicas um país dispunha de cerca de 12% de seu produto interno total, na Primeira Guerra Mundial os países já conseguiam se dispor a gastar até 50% de seu produto interno. Por outro lado, isto fez com que o número de mortos e feridos já nos primeiros meses de combate fosse muito superior a todas as estimativas.
- A Alemanha no início do Século XX era a maior produtora de máquinas e produtos químicos na Europa. Inglaterra e França, durante a Primeira Guerra Mundial, incapazes de igualar o poderio industrial de seu rival, precisavam importar produtos em larga escala dos Estados Unidos, estratégia sem a qual já lhes teria levado a serem derrotadas no conflito já em seu primeiro ano, derrotadas pelas fábricas, siderúrgicas, minas de carvão, oficinas de munição e estaleiros de construção naval dos alemães.
- A Primeira Guerra Mundial não foi apenas dramática enquanto durou - entre 1914 e 1918 deixou aproximadamente 10 milhões de mortos, entre militares e civis - mas teve também efeitos profundos, ajudando a impulsionar a Revolução Russa, sendo uma das causas da Grande Depressão Econômica a partir de 1929 que se estendeu pelos Anos 1930, a qual estimulou a ascensão de Adolf Hitler e do Nazismo na Alemanha, ajudando assim a provocar a Segunda Guerra Mundial, a qual acabou com o apogeu da Europa Ocidental, acelerando a ascensão dos Estados Unidos e da União Soviética como potências mundiais.
- A península turca de Gallipoli era estratégica, porque controlava a curta e estreita rota marítima do Estreito de Dardanelos, que unia Mar Mediterrâneo e Mar Negro, com menos de 27 milhas de comprimento. Antes da Primeira Guerra Mundial começar, os alemães perceberam a importância estratégica deste controle e se aliaram à Turquia menos de uma semana antes do início dos conflitos, assinando secretamente uma aliança militar. Em abril de 1915, tropas de Grã-Bretanha, França, Austrália e Nova Zelândia tentaram tomá-lo de alemães e turcos, mas não conseguiram. O controle impedia que a Rússia pudesse utilizar ao Mar Báltico, impedindo que seus navios levassem os grãos que alimentariam a seus aliados ocidentais, ou que os russos recebessem armas e munições por aquela via. Os russos tinham abundância de soldados, mas uma terrível escassez de armamentos pesados e de roupas apropriadas para enfrentar às baixas temperaturas do inverno rigoroso. A Rússia estava semi-estrangulada por sua geografia peculiar, e este estrangulamento econômico imposto pelo longo bloqueio de guerra culminaria com a revolução dos líderes trabalhistas que rompeu em 1917 - a Revolução Bolchevique - que levou à saída da Rússia do conflito.
- Em maio de 1915, o Império Otomano decidiu deportar os armênios cristãos, que lentamente, carregando a todos os seus pertences, cruzaram da Anatólia para o Deserto da Síria. Durante o caminho, homens, mulheres e crianças foram assassinados por soldados e civis turcos, tendo morrido de 600 mil a 1 milhão de pessoas durante este genocídio.
- No fim de 1916, muitas das forças em guerra passavam por um momento de descontentamento tão generalizado que possibilidades de motins eram bastante reais. As mortes eram muitas, as condições nas trincheiras durante o inverno eram abomináveis, e a vitória não parecia ao alcance de nenhum dos lados. O moral baixo dos militares contaminava a população civil. O primeiro exército a se desintegrar poderia determinar o rumo da guerra.
- Os bloqueios militares impostos pela guerra fizeram com que a Rússia vivesse uma ruptura na rotina de suas atividades econômicas, com a inflação atingindo níveis estratosféricos. As estradas de ferro não davam conta de oferecer carregamento de comida e suprimentos suficientes. Entre 1913 e 1917 o preço da farinha triplicou e do sal quintuplicou, o preço da manteiga aumentou mais de oito vezes. Muitas famílias passaram a passar fome. Na Rússia o povo sempre foi, via de regra, ultrapatriótico, mas as condições econômicas deterioradas e a possibilidade de ser derrotada no terceiro conflito consecutivo - perdeu a Guerra da Criméia nos Anos 1850, e a guerra contra o Japão em 1905 - fizeram com que crescesse o sentimento de desapontamento em relação à família real, foco tradicional de lealdade patriótica. A popularidade do czar Nicolau II ruiu, e em março de 1917 ele foi obrigado a abdicar.
- No lugar do czar Nicolau II, uma coalizão assumiu o governo. Entretanto, membros do extremamente organizado Partido Bolchevique estavam certos de que somente eles poderiam dar esperança ao povo russo. O líder deste movimento, Vladimir Ulianov, que desde 1901 havia adotado o pseudônimo de Lenin, vivia exilado, tendo passado períodos em Inglaterra, França, Áustria e Suíça. Em abril de 1917, financiado pela Alemanha, Lenin e alguns companheiros regressaram clandestinamente à Rússia para formar as bases do que batizou como "uma ditadura revolucionário-democrática do proletariado e do campesinato", ainda que ditadura e democracia fossem opostos que nunca tiveram pontos em comum. No dia 6 de novembro, comandados por Leon Trotsky, os revolucionários tomaram durante a madrugada a estações de trem, correios, a companhia telefônica, bancos, centrais de distribuição de energia elétrica, tomando São Petersburgo. Em Moscou, o Kremiln foi invadido. O golpe estava dado com sucesso, e Lenin tornava-se oficialmente o líder do primeiro Conselho de Comissários do Povo.
- Não muito depois da Revolução Russa, em 1918, Lenin assinou com Alemanha e Turquia o Tratado de Paz de Brest-Litovsk, cedendo parte de seu território a Alemanha, Romênia e Turquia. Pouco depois perdeu ainda territórios para Polônia e Finlândia, e viu as três províncias bálticas - Lituânia, Letônia e Estônia - tornarem-se independentes. A Rússia perdia assim uma vasta extensão de terras produtoras de grãos, o que intensificaria a escassez de comida.
- Os Estados Unidos tentou se manter um país neutro na Primeira Guerra Mundial, mas várias embarcações de bandeira norte-americana foram constantemente afundadas por submarinos alemães, assim em abril de 1917 o Congresso aprovou a entrada dos EUA na guerra contra a Alemanha.
- Em setembro de 1918, os aliados da Alemanha estavam fartos do conflito. A Bulgária assinou um armistício, o Império Austro-Húngaro estava em frangalhos e se fragmentando, com Iugoslávia, Tchecoslováquia e Hungria formando suas próprias nações. No fim de outubro, foi a vez do Império Otomano (Turquia) assinar uma trégua. E logo a seguir a Áustria - o que havia restado da dissolução do Império Austro-Húngaro - fez um pedido de rendição. A Alemanha ficou sozinha. Mas nos 10 primeiros dias de novembro de 1918 civis alemães fizeram um movimento crescente de amotinações, os quais levaram o imperador Wilhelm II a abdicar do poder. Em 11 de novembro a Alemanha assinou um armistício. A Primeira Guerra Mundial chegava assim ao fim. O Tratado de Versalhes restabeleceu a paz, e semeou a construção de uma Liga das Nações como estratégia de evitar futuros conflitos.
- No saldo final dos conflitos, os sérvios foram os que sofreram, com um em cada quatro homens entre 15 e 49 anos tendo morrido no campo de batalha. Turquia, França, Romênia e Alemanha perderam de 13% a 15% dos homens nesta faixa etária. O Império Austro-Húngaro perdeu 9%, a Itália 7% e a Grã-Bretanha 6%. Foi uma fase terrível nos anos seguintes de falta de noivos para as mulheres.
- Nos quatro anos durante os quais duraram a Primeira Guerra Mundial, um soldado morria por causa de alguma doença - tendo a malária tido papel de destaque - para cada quatro mortos por balas, estilhaços ou explosivos de alta potência.
- A Primeira Guerra Mundial desfez ligações de comércio, destruiu vilarejos rurais, devastou enormes áreas de pasto e matou milhões de cabeças de gado, impactando a capacidade econômica agrícola e pecuária, avariou centenas de ferrovias e rodovias, e afundou mais navios cargueiros do que toda a quantidade que existia em 1900.
- O grande beneficiário econômico-financeiro foram os Estados Unidos, cujas indústrias aumentaram enquanto seus competidores europeus estavam absorvidos pelas batalhas. O Japão também se beneficiou, e pela primeira vez em muitos séculos um país do Leste Asiático foi louvado como um dos líderes mundiais, alçando-se entre as cinco principais economias do planeta.
- Ao fim da guerra, a Europa tinha um grupo de novos países cujas fronteiras nacionais precisavam ser demarcadas, com uma incrível marca de 12.500 milhas de linhas novas nos mapas. Havia 27 países com novas fronteiras. O mapa da Europa às vésperas do início da Primeira Guerra Mundial se restringia a Grã-Bretanha, França, Espanha e Portugal a oeste, Itália, Suíça, Bélgica e Holanda ao centro, Suécia, Noruega e Dinamarca ao norte, e a leste Alemanha, Áustria-Hungria, Sérvia (ex-principado do Império Austro-Húngaro), Romênia, Bulgária, Albânia e Grécia, com os limites com a Ásia tendo a Rússia a norte e a Turquia ao sul. Após o conflito, surgiram como novos países independentes a Finlândia, Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Lituânia, Letônia e Estônia, além da divisão e formação de Áustria e Hungria como dois países separados.
- Após o fim da guerra um mortal surto de influenza (gripe) disseminou-se pelo mundo, atacando em especial às zonas portuárias em todo o planeta. A pandemia que ficou batizada como "Gripe Espanhola" durou de janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial da época, e deixou um saldo de cerca de 50 milhões de mortos, muito mais do que os 10 milhões mortos durante a Primeira Guerra Mundial.
- Na Rússia, as pessoas passaram a ter medo de expressar suas ideias, pois se o governo suspeitava que qualquer cidadão tinha pensamentos considerados subversivos a respeito de assuntos como política, religião, economia, literatura e artes, tais cidadãos eram presos. Vizinhos e familiares se viraram uns contra os outros. O Regime Bolchevique assumiu o nome de Regime Comunista e declarou guerra à classe média, antiga burguesia, e à elite ligada ao antigo Regime Czarista. Em novembro de 1918, no jornal "Terror Vermelho", um chefe da polícia secreta declarava: "não são necessárias provas para justificar uma alegação de que um membro destas classes mais ricas havia agido com palavras ou atos contra o poder soviético".
- O "experimento soviético" às vezes estagnava, às vezes progredia e às vezes estagnava novamente. De início, a maior parte das indústrias nas cidades foi nacionalizada e estatizada. Bancos, ferrovias privadas, estaleiros e grandes fábricas passaram a ser gerenciados pelo governo. Com alguns golpes de caneta, foi feito o maior confisco de propriedades da história da humanidade. As fábricas menores foram poupadas e puderam permanecer privadas. A liberdade religiosa logo foi atacada. O cristianismo se tornou vítima de escárnio oficial. Muitos bispos e padres da Igreja Ortodoxa foram presos ou assassinados porque eram considerados inimigos da revolução, o que de fato é irrefutável que realmente eram.
- As condições econômicas não tardaram em se deteriorar, com a moeda local perdendo valor. Os produtores muito rapidamente perderam interesse em produzir excedentes, por terem de fazer um esforço que não lhes era remunerado. Lenin teve que admitir que os fazendeiros estavam passando por uma "crise extraordinariamente aguda", o que o levou a rever as normas do regime. Com a crise de abastecimento de produtos agrícolas, surgiram crises de fome em diversas cidades. Em março de 1921, a política mudou, e os camponeses voltaram a receber incentivos para plantar e para vender parte de sua produção em mercado aberto, por fora do centralismo governista, no que foi chamada de Nova Política Econômica. Uma severa seca impediu que a flexibilização surtisse efeito e uma severa fome só foi aliviada pelo recebimento de produtos alimentícios enviados pelos Estados Unidos.
- Lenin morreu em 1924, aos 54 anos de idade, vítima de um derrame. Seu corpo foi embalsamado e colocado num mausoléu na Praça Vermelha, em Moscou. Lenin havia triunfado graças a seu perfil focado em ações pragmáticas e de correção ideológica. Com a sua morte, qualquer reformismo foi deixado para trás. Seu mais provável sucessor natural parecia ser Leon Trotsky, mas este acabou sendo posto de lado e sendo expulso da Rússia cinco anos mais tarde; acabou assassinado na Cidade do México em 1940 por ordem daquele que veio a ser o efetivo sucessor de Lenin, um outro homem que usava um pseudônimo: Joseph Dzhugashvili, nascido nas Montanhas do Cáucaso, na Geórgia, que havia mudado seu nome para Stalin, que significava literalmente "Homem de Aço". Stalin acreditava que era o momento de reacender a chama do comunismo, e de transformar a União Soviética - um populoso país essencialmente rural - numa potência mundial.
- Em 1929, cerca de 25 milhões de pequenas fazendas familiares foram tomadas das mãos dos pequenos produtores camponeses em nome do povo (muitos destes camponeses foram assassinados sob a acusação de serem capitalistas), com as terras transformadas em fazendas coletivas inicialmente intensivas em mão-de-obra, e que gradativamente foram sendo mecanizadas, visando uma maior capacidade de produzir mais comida. As fazendas coletivas eram completamente destituídas de incentivos para que as pessoas se empenhassem, e a produção rapidamente sofreu uma queda vertiginosa, com o modelo de produção logo passando por problemas de eficiência na capacidade de gerar comida suficiente para abastecer a toda a população. Em decorrência da desordem rural no início dos Anos 1930, a fome se instalou, e cerca de 10 milhões de pessoas morreram de fome na União Soviética neste período, quantidade aproximadamente equivalente ao total de mortes da Primeira Guerra Mundial.
- Stalin produziu em 1928 uma campanha, a qual chamou de Plano Quinquenal, para produzir mais eletricidade, maquinária pesada, ferro, aço e carvão. Todas as metas foram atingidas em menos de 5 anos, sendo sucedido por um novo Plano Quinquenal. As grandes cidades foram dominadas pelo barulho de martelos mecânicos, serras elétricas, britadeiras, rolos compressores, guindastes e motores. Entre 1928 e 1940, a produção de aço, cimento e carvão da União Soviética quadruplicou. Em 1939, o país estava em 3º lugar entre as potências industriais do mundo, um feito impressionante. O nível de alfabetização - baixíssimo no tempo dos czares - tornou-se praticamente igual ao da maioria da Europa Ocidental. A educação avançada e técnica era gratuita e atraía uma grande quantidade de jovens. Os serviços de saúde eram muito mais amplos e de melhor qualidade do que os de 25 anos antes.
- Após a Primeira Guerra Mundial, a Itália esperava ser recompensada no lado vencedor, mas ficou tão decepcionada com as negociações de paz em Paris em 1919 que se retirou do encontro antes de seu fim. Muitos italianos ficaram desiludidos ao perceberem que seus grandes sacrifícios humanos na guerra tinham sido tão parcamente recompensados. Havia um forte tambor nacionalista esperando para ser tocado, ainda mais diante de graves problemas econômicos e sociais com uma depressão no pós-guerra. Quem o aproveitou foi um jovem líder político em ascensão: Benito Mussolini. Filho de um revolucionário, herdou o nome de um radical revolucionário do processo de independência mexicano - Benito Juárez -. Foi professor, editor de jornais radicais, primeiro um chamado "Luta de Classes" em Forli, e depois em outro chamado "Avanti", jornal oficial do movimento socialista em Trento. Com a Primeira Guerra, foi ferido pela explosão de uma granada num campo de batalha. Em março de 1919, Mussolini foi o fundador do Partido Fascista em Milão, cuja bandeira era em favor da imposição da ordem no cenário social caótico que a Itália atravessava. Denunciava as altas taxas de desemprego, e defendia bandeiras trabalhistas contra o individualismo capitalista, mas não com uma luta através de sindicatos de trabalhadores, mas através de um estado forte, poderoso, impositor da ordem, capaz de julgar e inspirar, com um forte teor patriótico-nacionalista. Acreditando na ordem imposta pela força bruta das armas, os "fasces" se inspiravam na autoridade aos moldes do Império Romano. Os fascistas de Mussolini, vestindo camisas negras combatiam grupos de socialistas e à própria polícia, ferindo adversários, tomando o controle de repartições públicas. Em outubro de 1922 chegou a reunir 50 mil "Camisas-Negras" nas ruas para desafiar armados a seus rivais.
- Diante do crescente poder dos "camisas-negras", Mussolini estava em Milão quando recebeu um telegrama o convocando a ir a Roma, a convite do rei, que o convidou a fazer parte de seu gabinete, para controlar as forças armadas junto a outros heróis de guerra. Seis semanas mais tarde, o parlamento italiano concedeu a Mussolini e seu gabinete, por ampla maioria, com rejeição apenas de socialistas e comunistas, o direito de governar por decreto durante um período de um ano, sem precisar prestar contas ao parlamento. A Itália estava oficialmente sob um regime autoritário. Dissidentes foram deportados, as greves proibidas, houve interferência nas universidades e censura nos meios de comunicação. Mas foi sob este autoritarismo que a Itália se reergueu do caos, com crescimento econômico e redução do desemprego. Com o fim da desordem social, Mussolini ganhou a simpatia da ampla maioria da população, e nas eleições nacionais de 1924 conquistou uma expressiva vitória por voto popular.
- A Primeira Guerra Mundial havia enfraquecido à Europa de tal forma, que sua participação no total da população e da economia mundial caiu consideravelmente. O centro das finanças global se mudou para os Estados Unidos da América. A dívida nacional da Grã-Bretanha aumentou 11 vezes, as de França e Itália 6 vezes. Todos os preços subiam enormemente, tendo havido hiperinflações em Áustria, Polônia, Rússia e Alemanha. Pela primeira vez a economia dos principais países europeus dependia de Nova Iorque, que como centro econômico-financeiro emergente não tinha a mesma experiência para enfrentar crises do que Londres. E o que aconteceu em 1929 superou a qualquer outra crise econômica vista antes: numa conjuntura na qual era absurdamente fácil tomar dinheiro emprestado para comprar ações na bolsa de valores, a especulação desenfreada criou uma bolha de negócios sem lastro. Em 24 de outubro de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque abriu ativamente, sem dar sinais de problemas. Então por algum motivo, real ou não, uma histeria se alastrou e levou a uma corrida por venda de ações, levando a uma queda brusca e acelerada nos preços das ações que só aumentava a cada hora que passava. Naquele dia, o número total de ações negociadas no pregão superou em 50% o total negociado em qualquer outro dia, antes e depois, na história da bolsa. O colapso levou a uma sequência de falências de empresas, causando a mais forte retração econômica, que se alastrou por todo o planeta.
- A recessão deu margem a várias mudanças políticas induzidas por ela por todos os lados. Na América Latina, em 1930 e 1931, longas greves, marchas pelas ruas e protestos violentos se tornaram frequentes, levando à derrubada de governo em 11 de seus 20 países. Em 1931, o Japão invadiu e conquistou a Manchúria, um prelúdio de sua invasão à China em 1937. Em 1932, Bolívia e Paraguai entraram em guerra, assim como Peru e Colômbia. Em 1933, os australianos do oeste tentaram dividir a Austrália em dois países. O capitalismo mundial estava uma desordem. A crise se tornou global. A grande maioria das cidades da Europa mantinha cinturões de pobreza extrema, e um grande número de desempregados. Durante os Anos 1930, a Rússia comunista passou a ser aclamada como a fórmula para o futuro, com discursos exaltando as fazendas coletivas e as cidades-jardim da União Soviética como um "imediato e enorme sucesso a ser copiado" em todo o Ocidente.
- A Grande Depressão deixou marcas em um país da Europa em especial: a Alemanha. Desde 1918 a economia alemã dava sinais de vulnerabilidade. A obrigação de pagar grandes reparações de guerra a seus inimigos vitoriosos foi um golpe de longo prazo em sua estabilidade. Sua economia foi ficando cada vez mais enfraquecida, uma nova realidade após o "Milagre Econômico Alemão" que entre 1850 e 1914 havia levado a nação ao topo do poder econômico europeu. Quando a Áustria-Hungria e a Alemanha começaram a ter problemas com a Rússia e a Sérvia, muito do apoio de França e Inglaterra aos russos era um contraponto cujos reais interesses eram econômicos, na luta para manter espaços que cada vez mais a emergente economia alemã lhes tomava. A debilidade deu margem ao surgimento de novas lideranças no país.
- Adolf Hitler nasceu na cidade de Braunau, na Áustria, onde teve oportunidades de acesso à educação na infância acima da média para os padrões de seu tempo. Na adolescência, seguiu carreira em belas artes, tendo chegado a Viena aos 16 anos, onde teve uma carreira de pouca expressão como pintor. Mudou-se então para Munique, na Alemanha, e logo no início da Primeira Guerra Mundial se alistou no exército, seguindo para combater na frente oriental, sendo responsável por carregar mensagens entre as trincheiras, uma das tarefas mais arriscadas em meio às balas disparadas e as bombas explodindo. Chegou ao posto de cabo, mas acabou incapacitado pela exposição a gases tóxicos,
- O destino final da Alemanha ao fim da guerra o deixou consternado, sentindo-se traído pelos líderes da nação. Buscou a política para ajudar a reerguer o país, assumindo a liderança de um pequeno grupo bávaro que foi batizado como Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores, organizando palanques na rua, onde afinou sua capacidade como orador. Tentou derrubar o governo da Baviera e acabou preso. Na prisão escreveu um manifesto combinando suas memórias e propostas de solução dos problemas do país - o livro Mein Kampf ("Minha Luta", traduzido) - publicado em 1925 e adquirido por somente algumas centenas de leitores.
- Após a saída da prisão, Hitler voltou a se dedicar a seu partido, mas o mesmo ocupava uma posição baixa no segundo escalão do cenário político alemão, tendo em sucessivas eleições alcançado apenas uma pequena fração do total de votos. Sua principal bandeira era o ataque ao comunismo, ao qual chamada de "conspiração judaico-bolchevique". Sua promessa imutável era a de que tornaria a Alemanha grande novamente.
- Quando a Depressão pós-1929 se alastrou, a Alemanha foi duramente atingida, mais do que qualquer outro grande país. Em 1932, o rendimento industrial alemão regressou a 60% do nível que existia em 1929. Em Berlin, Dresden e outras grandes cidades, multiplicava-se a quantidade de pessoas vestindo farrapos lutando pela subsistência nas ruas. A taxa de desemprego alcançou 30% da população. Adolf Hitler emergiu então como quem oferecia patriotismo e ações firmes. Nas eleições de 1932, seu partido obteve surpreendentemente 18% dos votos. Numa votação seguinte no mesmo ano subiu para 37%, com o Partido Nazista obtendo a maior votação dentre todos. Em janeiro de 1933, Hitler foi convidado para o cargo de chanceler alemão (equivalente a primeiro-ministro) em um governo de coalizão. Em agosto de 1934, com a morte do então presidente, Adolf Hitler foi eleito com 88% dos votos para o cargo, uma vitória esmagadora.
- O governo alemão passou a se utilizar massivamente do gasto público, enquanto os demais países buscavam economizar, e assim a prosperidade econômica com ele se instalou, com o desemprego caindo drasticamente, passando a ser o mais baixo do mundo industrializado no início de 1935. Em paralelo, aos poucos Hitler foi mutilando à democracia alemã: os outros partidos foram extintos, os sindicatos esmagados, o medo de ser espancado, aprisionado ou humilhado em público havia se tornado parte de um novo estilo de vida. Não era fácil protestar contra a ascensão de um ditador implacável enquanto a esperança na economia germinava e levava a crer que a Alemanha voltaria a seus dias de glória anteriores à Primeira Guerra Mundial. Hitler estava rearmando a Alemanha sem fazer segredo. Em 16 de março de 1935, ele simplesmente anunciou unilateralmente que o Tratado de Versalhes já não era mais válido, não havendo mais restrições ao rearmamento alemão. Três meses mais tarde, conseguiu convencer à Grã-Bretanha a deixá-lo reconstruir sua marinha até um terço da marinha inglesa. No ano seguinte, Hitler enviou seu exército para reconquistar a Renânia. Em 1938, anexou partes da Áustria e da Tchecoslováquia. Ao mesmo tempo seu anti-semitismo se manifestava cada vez mais forte. Os judeus controlavam as principais instituições da economia alemã. Contra as imposições destes ao povo alemão, seu governo lançou decretos que restringiam os direitos civis de qualquer judeu, que deixava de ser considerado cidadão da Alemanha. Ciganos e homossexuais logo também se tornaram alvos de seus decretos. Este modelo, de forma mais branda, também foi seguido por Mussolini na Itália, e é verdade que tinha simpatizantes em todos os países da Europa.
- O Tratado de Paz de Versalhes ao fim da Primeira Guerra nunca foi bem digerido por Alemanha e Rússia, que ainda consideravam ter perdido alguns territórios que entendiam ser sua posse por direito. Vinte anos depois tais ressentimentos levaram a uma aliança insólita, ainda que de lados ideologicamente opostos, a Alemanha de Hitler e a Rússia de Stalin se aliaram para recuperar à força territórios que entendiam por direito ser seus. Em 1939, as duas potências combinaram secretamente invadir a Polônia para dividi-la entre elas. Um pacto que aturdiu à Europa. A Polônia era uma das maiores nações europeias, formada a partir de territórios tomados de três grandes nações: Alemanha, Império Austro-Húngaro e Rússia. A Polônia também contava com o maior contingente de judeus na Europa.
- Em 1 de setembro de 1939, Hitler invadiu a Polônia. Quinze dias depois foi a vez da Rússia completar a invasão. Os russos foram além e retomaram parte da Finlândia. Grã-Bretanha, França, Canadá, Austrália e Nova Zelândia imediatamente se puseram contrários à aliança, mas decidiram num primeiro momento não agir militarmente. Na primavera de 1940, o apetite conquistador de Hitler cresceu, e a Alemanha invadiu e conquistou Dinamarca e Noruega em abril, Holanda e Bélgica em maio, e se preparou para invadir a França. A Grã-Bretanha demorou a intervir, e os franceses tiveram que se defender sozinhos. Em uma ou duas semanas, as divisões motorizadas do exército alemão atravessaram terras nas quais durante os quatro anos da Primeira Guerra os combates tinham se tornado um beco sem saída. Rapidamente o exército alemão se aproximou de Paris, enquanto um exército civil de refugiados franceses fugia a pé para o sul, levando o que podiam de seus bens. Em 14 de junho de 1940, os primeiros soldados alemães começavam a entrar na capital francesa. Quase toda a Europa Ocidental estava então em poder de Adolf Hitler, exceto alguns países como Espanha, Portugal, Irlanda, Suíça e Suécia, nações mais ou menos neutras. Em 8 de agosto foram iniciadas as ações para derrubar a Grã-Bretanha, tendo sido lançados bombardeios a áreas militares e de logística da Inglaterra e da Escócia. Em setembro houve ataque a Londres, com 400 aviões atacando a cidade. Ao longo da história, centenas de cidades tinham sido sitiadas e atacadas por artilharia, mas esta era a primeira vez na qual o coração de uma grande metrópole podia ser bombardeado diretamente pelo céu.
- Logo após a queda de Paris, Stalin invadiu e tomou Lituânia, Letônia e Estônia. A Europa estava praticamente toda dividida entre alemães e seus aliados por um lado, e pelos russos de outro. De um lado, a Alemanha - com apoio de Itália, Hungria e Bulgária - tinha anexado a parte da Polônia, Tchecoslováquia, Áustria, Romênia, Iugoslávia e Albânia, além de Noruega e Dinamarca. Do outro lado, a Rússia tinha anexado a outra parte da Polônia, Ucrânia, Lituânia, Letônia, Estônia e Finlândia. Permaneciam neutros: Turquia, Suíça, Suécia, Espanha e Portugal. Apenas a Grã-Bretanha e o que havia sobrado da França resistiam. O alvo seguinte de Hitler era o Mar Mediterrâneo: em abril de 1941 o exército alemão invadiu a Grécia, tomando a cidade de Atenas, e em maio tomou a ilha de Creta. Forças alemães, com apoio das tropas italianas de seu aliado, Benito Mussolini, preparavam-se para tomar o Egito, e assim dominar o geograficamente estratégico Canal de Suez.
- Mas a amizade entre Hitler e Stalin era oportunista. Ambos sempre desconfiaram um do outro. Suas ambições territoriais colidiam. O pacto ruiu em 22 de junho de 1941, quando Hitler decidiu iniciar uma invasão à União Soviética. Durante os primeiros meses seu exército não encontrou obstáculos e conseguiu avançar rápido. Mas acabou contido por fatores naturais, a partir da chegada do inverno.
- Aproveitando a oportunidade militar, o Japão, que também tinha aspirações expansionistas, aliou-se a Hitler para sufocar a Rússia, aspirando invadir a União Soviética pelo leste asiático. Em Tóquio, os líderes japoneses viram que a Rússia estava fragilizada e enxergaram aquela como uma formidável oportunidade de aniquilar a seu inimigo histórico. Ao mesmo tempo em que aspiraram uma expansão territorial pelo Oceano Pacífico, decisão que viria a ser crucial para os rumos que a Segunda Guerra Mundial tomaria.
- No início de 1942, Adolf Hitler definiu uma nova missão: exterminar aos judeus, não apenas na Alemanha, mas em todos os países que havia ocupado, naquela que batizou como "Solução Final", e que ficaria registrada na história como "Holocausto". Os judeus passaram a ser enviados em trens para campos de concentração, onde passaram por experimentos científicos e/ou foram friamente executados, assassinados a sangue frio. Aproximadamente 6 milhões de judeus foram mortos no Holocausto.
- O ano de invasão da Rússia, 1941, foi o último de triunfo da Alemanha de Adolf Hitler. Além de o ataque à União Soviética ter levado, obviamente, os russos a mudarem de lado, aumentando a quantidade de oponentes à Alemanha, a logística para alimentar as duas frentes de batalha começou a gerar efeitos pelas longas distâncias que eram necessárias serem percorridas para o reabastecimento de munições. Além da mudança de lado dos soviéticos, um outro marco em 1941 marcaria a mudança de rumo da guerra, a entrada dos Estados Unidos no conflito.
- Na manhã de 8 de dezembro de 1941, o Japão atacou à base naval dos Estados Unidos de Pearl Harbor, numa ilha remota do arquipélago do Havaí. Secretamente, 6 porta-aviões japoneses cruzaram o Oceano Pacífico e iniciaram um ataque que destruiu centenas de navios e aviões. A única frustração japonesa é que os 3 porta-aviões dos EUA estavam em alto-mar na manhã do ataque, não tendo sido destruídos, como planejado, pelos submarinos do Japão.
- Em 25 de dezembro de 1941, o Japão tomou Hong Kong, e em 1º de janeiro de 1942 invadiu às Filipinas e tomou sua capital, Manila. Na sequência se apoderaram de metade da Península da Malásia. Em 15 de fevereiro, tomaram Singapura. Em março, tomaram a ilha de Java, conquistando as Índias Orientais Holandesas. Rapidamente se aproximaram da Nova Guiné, e bombardearam portos australianos. Naquela que ficou chamada de Guerra do Pacífico - dentro do contexto da Segunda Guerra Mundial - o Japão venceu batalhas contra os exércitos de Estados Unidos, Inglaterra, Holanda e Austrália. O próximo passo seria atacar à Índia?
- Os rumos dos conflitos no Oceano Pacífico mudaram quando os Estados Unidos conseguiram decodificar as mensagens secretas japoneses. Com esta estratégias, conseguiram afundar a todos os porta-aviões japoneses, enquanto tinham perdido apenas um porta-aviões, conseguindo assim diminuir as chances de uma vitória do Japão.
- A Alemanha começou a provar de seu próprio veneno em 1942, primeiro quando a Grã-Bretanha lhe impôs pesados bombardeios que destruíram a cidade de Colônia (Koln), e depois após a entrada dos Estados Unidos na guerra, a qual ampliou o poder dos bombardeios, tendo os norte-americanos castigado Berlim também naquele mesmo ano. Os bombardeios britânicos e norte-americanos acabaram com a produção industrial alemã. Em paralelo, no fim do ano as tropas alemãs foram expulsas do norte da África, e no verão de 1943 as tropas aliadas tomaram a ilha da Sicília, imediatamente iniciando uma incursão pelo território da Itália. O golpe final viria a ser dado em 6 de junho de 1944, quando se deu o "Dia D", com a invasão da Normandia realizada pela maior expedição naval da história, envolvendo 7 mil embarcações e centenas de aviões, desembarcando num primeiro momento a 133 mil soldados e outros 23 mil paraquedistas na costa francesa. No total, nas semanas subsequentes, cerca de 800 mil soldados aliados partiram para reconquistar a França e a Bélgica. Paris foi retomada no fim de agosto e Bruxelas duas semanas depois, reconquistas que iniciaram a derrocada definitiva da Alemanha. Na outra frente, castigadas pelo rigoroso inverno, as tropas alemãs começaram a sofrer subsequentes derrotas para as tropas russas. Iniciou-se uma corrida em direção a Berlim. Todos sabiam que a reconquista de territórios definiria o direito de controle após a guerra. Estados Unidos e União Soviética avançavam derrotando as tropas alemãs que encontravam pelo caminho. Ali se iniciava a bipolaridade hegemônica que ditaria as ordens no planeta pelas décadas seguintes.
- Nunca antes na história a decisão sobre tantos acontecimentos de importância mundial havia ficado concentrada nas mãos de apenas três personagens. No fim de 1944, o futuro da Europa foi decidido pela firmeza, pela personalidade e pelo choque de ambições dos três líderes aliados: Josef Stalin, da Rússia, Franklin Roosevelt, dos Estados Unidos, e Winston Churchill, da Inglaterra.
- Sitiado por todos os lados, e com a União Soviética já em processo de invasão de Berlim, em 30 de abril de 1945, Adolf Hitler teria cometido suicídio numa base alemã. Dois dias depois os russos consumaram a invasão a Berlim. Em 7 de maio, a Alemanha se rendeu incondicionalmente.
- A Segunda Guerra Mundial havia acabado na Europa, mas ainda não se conhecia o vencedor nem no leste da Ásia nem nos litorais do Oceano Pacífico. Partes dos territórios invadidos tinham sido retomados pelos aliados, mas ainda não havia condições para uma incursão que invadisse e derrotasse de forma definitiva ao Japão. Foi então que uma arma secreta de destruição em massa entrou em ação pela primeira vez na história.
- Os Estados Unidos estavam numa corrida para desenvolver a primeira arma de destruição em massa, no chamado Projeto Manhattan, o qual juntou cientistas com relações próximas ao povo judeu que tinham migrado para a América, todos com a disposição de construir uma arma para destruir a Alemanha Nazista de Adolf Hitler. O alvo, porém, acabou vindo a ser outro. Em 1939, o judeu-alemão Albert Einstein escreveu uma carta ao presidente dos Estados Unidos sobre o poder de destruição de uma bomba com reação nuclear em cadeia. Ali se iniciaram as pesquisas que levaram ao desenvolvimento da bomba, feitas pelo italiano Enrico Fermi, migrado para a América junto à esposa judia e seus dois filhos; o chefe da operação era o norte-americano filho de judeus Robert Oppenheimer, em cuja equipe estavam o judeu-húngaro Edward Teller e o judeu-austríaco Isidor Rabi, entre outros cientistas.
- Em 2 de dezembro de 1942 o reator nuclear ficou pronto, e o primeiro experimento foi programado. Mas foi somente em 1945 que a bomba ficou completamente pronta. Com a guerra vencida na Europa, e incertezas sobre os destinos dos campos de batalha no Pacífico, definiu-se por um lançamento sobre o Japão que fosse suficientemente impactante para acabar prontamente com a Segunda Guerra Mundial. Para lançar a bomba, era necessário um avião bombardeiro pesado e de longo alcance. Foi escolhida a superfortaleza voadora B-29, capaz de voar 3 quilômetros até seu alvo e retornar à base, escolhido como sendo a ilha de Tinian, do Arquipélago das Ilhas Marianas. Em 6 de agosto de 1945, a primeira bomba foi transportada da Califórnia para lá de navio. O alvo foi escolhido num último instante: Hiroshima, a 8ª maior cidade japonesa. Às 8:15h da manhã no horário local, a bomba foi lançada, causando a maior explosão concebida até então pelo engenho humano na história mundial. A bomba, de imediato, deixou cerca de 100 mil mortos e 70 mil feridos.
- Os líderes japoneses não deram sinal de estar cogitando uma rendição. Três dias depois, em 9 de agosto de 1945, uma nova bomba foi lançada, desta vez sobre a cidade de Nagasaki. Estima-se em mais de 50 mil os mortos nesta nova explosão. Entre as duas explosões, a União Soviética declarou guerra ao Japão, invadindo o território da Manchúria, que havia sido conquistado pelos japoneses. Pela soma destes fatores, em 14 de agosto o Japão se rendeu incondicionalmente. A Segunda Guerra Mundial chegava ao fim, deixando um saldo de 80 milhões de mortos.
- Após a guerra, o Leste Europeu ficou sob julgo da União Soviética. A Alemanha foi dividida, com uma metade capitalista (Alemanha Ocidental) e uma metade comunista (Alemanha Oriental). Inicialmente parecia que a Tchecoslováquia se manteria independente. Nas eleições de maio de 1946, o Partido Comunista não alcançou a maioria dos votos. Um ministério de coalizão foi formado sob liderança comunista, a qual tomou o controle de imediato da força policial. Em março de 1948, o mais famoso político tcheco opositor ao comunismo, Jan Masaryk, misteriosamente caiu da janela de seu escritório e morreu. Quinze dias depois foi concluída a rearticulação ministerial, com todos os membros sendo parte do Partido Comunista. Diferentemente da Tchecoslováquia, Iugoslávia e Albânia se tornaram comunistas através de eleições livres.
- No pós-guerra, deu-se fim à Liga das Nações e foi fundada a Organização da Nações Unidas (ONU). Militarmente foram formados dois grupos de cooperação: a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), altamente dependente militarmente dos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, articulado pela União Soviética para a defesa do Bloco Comunista. Em 1949, através de seu serviço de espionagem, os russos também conseguiram desenvolver bombas atômicas. O mundo entrava sob a sombra de uma guerra nuclear total, com poder de destruição de toda a vida no Planeta Terra.
- A aviação civil emergiu no fim da primeira metade do Século XX. Em junho de 1939, a Pan American Airways inaugurou o primeiro voo comercial cruzando o Oceano Atlântico, através de um hidroavião de quatro motores com capacidade para 22 passageiros. A Segunda Guerra Mundial conteve a expansão dos voos civis. Após o fim da guerra, ainda era bem mais barato cruzar os mares por navio do que por avião. As viagens aéreas começaram a ter preços mais populares somente a partir de 1955.
- Na China, a partir de 1935, emergiu a liderança de um jovem camponês, de nome Mao Tsé-Tung, no Partido Comunista Chinês. Quando o Japão invadiu a China, em 1937, nacionalistas e comunistas uniram forças e lutaram juntos contra o inimigo estrangeiro. Os japoneses tomaram a metade leste do país, com os comunistas conseguindo impor uma resistência a oeste. E nesta resistência, cresceu a liderança de Mao Tsé-Tung. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os japoneses foram forçados a se retirar, e nacionalistas e comunistas iniciaram uma guerra civil pelo controle do país. Em outubro de 1949, o exército de Mao Tsé-Tung venceu. As forças do general Chiang Kai-Shek instituíram uma república própria na ilha de Taiwan.
- A China sob o comando comunista de Mao Tsé Tung conseguiu avanços, tendo conseguido reduzir significativamente a incidência de doenças infecciosas e do analfabetismo, mas por outro lado viveu um grande colapso agrícola, culminando num período extremo de fome que, entre 1950 e 1961, matou cerca de 30 milhões de chineses.
- A Coréia foi governada pelo Japão de 1910 a 1945. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética tomou o território da Coréia do Norte, e lá estabeleceu uma república comunista. Em 25 de junho de 1950, a Coréia do Norte, com apoio militar da Rússia e da China, invadiu o território da Coréia do Sul, desencadeando a Guerra da Coréia. Dava-se início ao contexto da Guerra Fria com o conflito entre a capitalista Coréia do Sul e a comunista Coréia do Norte. O conflito se arrastou até julho de 1953, e deixou mais de 900 mil mortos, sendo cerca de 750 mil do lado comunista. Sem conseguir resolver o impasse, foi assinado um armistício que deu fim ao conflito e manteve a Coréia dividida em duas.
- Foi formado um Bloco Comunista do Mar Adriático na Europa até o Oceano Pacífico. Começando pela Alemanha Oriental, reunia Polônia, Tchecoslováquia, parte da Áustria, Hungria, Iugoslávia, Albânia, Bulgária, Romênia, União Soviética, China e Coréia do Norte. Na Europa, o Bloco Capitalista reunia Alemanha Ocidental, Itália, França, Grã-Bretanha, Espanha, Portugal, Bélgica, Holanda e os Países Nórdicos a oeste, e Grécia e Turquia a leste.
- Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Século XX presenciou o fim definitivo das amarras políticas do Colonialismo Europeu. Um líder em especial se destacou pela ideologia que empregou na luta para libertar as amarras políticas de seu país: Mahatma Gandhi aplicou a ideologia de não-violência para dar fim às amarras políticas da Índia em relação à Inglaterra. Filho de uma família de comerciantes em Bombaim, estudou advocacia em Londres e exerceu o ofício na África do Sul, até regressar a seu país para se engajar na luta de libertação nacional, pregando a resistência não violenta e a libertação espiritual em relação a bens materiais. Em 1947 a Índia conseguiu a sua independência, mas não como Gandhi desejou como uma nação unida: conflitos religiosos sangrentos entre muçulmanos e hindus levaram à fragmentação, com o surgimento de duas nações islâmicas, Paquistão e Bangladesh.
- Após um legado libertador e de luta pacifista, a Índia voltou a ser novamente inovadora quando em 1966 uma mulher foi eleita como primeira-ministra: Indira Gandhi. Filha de Jawaharlal Nehru, primeiro primeiro-ministro eleito após a independência do país, carregava o sobrenome Gandhi por casualidade, tendo o adquirido após se casar com Feroze Gandhi, que não tinha qualquer parentesco a Mahatma Gandhi (ela hindu, ele parsi, formaram a união de duas seitas que não tinham o hábito de permitir casamentos com membros de outras seitas). Líder carismática, manteve-se 15 anos como primeira-ministra. Em 1984, Indira acabou sucumbida pela violência, assassinada por seus próprios guarda-costas, da seita sikh.
- Um marco de conflitos raciais no Século XX foi a África do Sul, que era a economia mais próspera do continente africano, controlada por uma minoria de raça branca, que a partir de 1948 impôs um regime segregacionista sustentado por ideais racistas de "supremacia branca". No regime batizado como Apartheid era proibido o casamente interracial, pessoas de raça negra não podiam frequentar universidades, usar os mesmos transportes públicos ou frequentar os mesmos ambientes. A luta pelo fim deste regime acabou levando a conflitos armados. O líder da insurreição negra era Nélson Mandela, que acabou preso em 1964. Um processo parecido ocorreu nos Estados Unidos, onde uma forma similar da mesma ideologia segregava o convívio social de brancos e negros, onde quem liderou a insurreição em favor dos direitos civis foi Martin Luther King, que acabou assassinado em 1968 em Memphis. Mas ambos semearam uma luta contra o racismo e em favor de direitos civis igualitários. Mandela saiu da prisão, e em 1994 se tornou presidente da África do Sul.
- Depois da Segunda Guerra, cresceram também os conflitos religiosos, especialmente no Oriente Médio, e derivado de um acontecimento em especial: em novembro de 1947, a ONU tentou reparar o sofrimento do povo judeu com o Holocausto imposto por Adolf Hitler, aprovando a criação de um estado judeu no território da Palestina - estado de supremacia árabe-muçulmana - que estava sob ocupação da Inglaterra desde 1920. Em 14 de maio de 1948 foi fundado o estado de Israel. Já no dia seguinte se iniciaram os conflitos, quando Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque, apoiados por Arábia Saudita e Iêmen, invadiram o recém declarado território israelense, iniciando a Guerra Árabe-Israelense de 1948, que deixou cerca de 20 mil mortos. Este conflito foi vencido por Israel. Mas a paz nunca se instaurou em definitivo.
- A Guerra Fria - com todo o embate de ideologias entre capitalismo e socialismo/comunismo - era dominada mais que tudo pelo contexto econômico, e pelas consequências políticas derivadas destes. Berlim Ocidental, e sua maior pujança econômica, era cada vez mais o destino de alemães orientais que buscavam uma melhor qualidade de vida e maiores liberdades individuais. O nível de imigrantes chegou a 10 mil por mês, com a Alemanha Oriental tendo perdido 10 milhões de habitantes em uma década. Seu Parlamento aprovou então que fossem colocados guardas armados para impedir a migração. Na madrugada de 13 de agosto de 1961, foi colocada uma larga proteção de arame farpado, que aos poucos foi sendo substituída por um muro de tijolos e concreto, com arames farpados na parte superior. O Muro de Berlim separou então oficialmente às duas Alemanhas, segregando fisicamente à sua capital.
- O desenrolar dos acontecimentos mundiais foram acompanhados pela expansão de uma nova tecnologia, que levou imagens a todas as partes do planeta: a televisão. Em 1949, a quantidade de televisores nos Estados Unidos se restringia a 1 milhão de aparelhos. Em 1959, este número saltou para 50 milhões, o que representava mais do que a soma total de aparelhos existentes em todos os demais países do mundo. Com a corrida espacial, a nova tecnologia de satélites de transmissão permitiu que as imagens fossem transmitidas muito mais rapidamente, até que logo pôde haver transmissões ao vivo. O marco foi a transmissão da Abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Na esteira desta expansão, desenvolveram-se também tecnologias de utilização de computadores para processamento de dados e informação. A Segunda Guerra Mundial também foi um campo de desenvolvimento para a medicina, com o aprimoramento de técnicas para o salvamento de vidas, que logo levaram a uma série de pesquisas científicas que ampliaram o poder de cura dos medicamentos.
- Além dos subsequentes conflitos armados financiados por um lado pelos Estados Unidos e por outro pela União Soviética, o período de bipolaridade global batizado como "Guerra Fria" representou, além dos embates ideológicos, uma era dominada por muita propaganda. A principal se tornou a corrida de exploração espacial, que envolveu fortes investimentos de ambos os lados. Em 4 de outubro de 1957, uma pequena nave russa não tripulada chamada "Sputnik I" completou em 95 minutos uma volta na órbita terrestre, com seus sons tendo sido capturados por radialistas amadores de todo o planeta. Em 3 de novembro de 1957, o bem maior "Sputnik II" entrou em órbita levando uma cadela (que não resistiu com vida ao experimento). Em janeiro de 1959, uma nave russa não tripulada se acercou à Lua, mas acabou se chocando com o solo durante a tentativa de aproximação. Em 12 de abril de 1961 pela primeira vez uma nave tripulada entrou na órbita da Terra, a nave "Vostok I" levava o russo Yury Gagarin, de 27 anos (curiosamente, Gagarin morreria 7 anos depois num acidente de avião). Os Estados Unidos aumentaram seus investimentos em pesquisa científica espacial, e durante os Anos 1960 avançaram, culminando a terem sido os primeiros a terem colocado dois homens na superfície da Lua. Após ser lançada em 16 de julho pelo foguete "Saturno V", em 20 de julho de 1969 a missão "Apollo 11" foi bem-sucedida, com Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornando os dois primeiros seres humanos a colocar os pés numa estrutura rochosa fora do Planeta Terra: "um pequeno passo para um homem, um grande passo para a humanidade". A engenhosidade humana havia chegado à Lua, satélite natural da Terra.
- No jogo de tabuleiro global da Guerra Fria, o comunismo fincou uma importante bandeira na América Central. Cuba era uma ilha que abrigava 7 milhões de habitantes. Uma revolução em 1933 fez emergir a liderança militar de Fulgêncio Batista, que veio a ser eleito presidente, além de ter ascendido a general do exército. Em 1959 foi outro líder quem o derrubou: Fidel Castro, um estudante de colégio jesuíta na juventude e formado como advogado, que viveu refugiado no México. Em 1 de janeiro de 1959, com apoio de armamentos dos Estados Unidos, ele invadiu a ilha pela mata densa e conseguiu dar um golpe de estado que acabou com o regime ditatorial comandado por Fulgêncio Batista. Consumada a tomada de poder, sua primeira decisão foi confiscar as grandes propriedades e nacionalizar os bancos e os grandes engenhos de açúcar. A ideologia comunista conseguia uma primeira grande vitória nas Américas.
- Como contra-ataque, os Estados Unidos deram treinamento militar e armamentos a cerca de 1.500 exilados cubanos, que em abril de 1961 tentaram uma desastrosa invasão a Cuba - a Invasão da Baía dos Porcos (Bahia de los Cochinos) - que fracassou. Como vingança, Fidel Castro abriu seu território para a instalação de uma base militar da União Soviética, a partir da qual os russos poderiam atacar o território norte-americano. Em 10 de outubro de 1962, um avião de espionagem dos Estados Unidos identificou a presença de 10 mísseis soviéticos em Cuba, todos com capacidade para alcançar Washington. Era impossível saber se eles carregavam ogivas nucleares ou não. A "Crise dos Mísseis" levou o mundo a temer a possibilidade de início de uma Terceira Guerra Mundial, uma guerra nuclear capaz de destruir o planeta. Em 23 de outubro de 62, 20 navios soviéticos foram vistos se aproximando do bloqueio naval norte-americano protegidos por um submarino. Uma das embarcações levava ogivas nucleares. Em paralelo, a Europa se preparou para defender um eventual ataque a Berlim Ocidental. Após dias de grande tensão, em 26 de outubro os norte-americanos sinalizaram com o fim do bloqueio naval ao território cubano e deram garantias de que não invadiriam a ilha, e os soviéticos dois dias depois aceitaram os termos, com suas embarcações recuando e se afastando de Cuba.
- O jogo de tabuleiro ideológico na América Latina só cresceu desde então, com um aumento da quantidade de simpatizantes ao Comunismo e à União Soviética. Como resposta, os Estados Unidos deram incentivos, através da batizada como "Operação Condor", para a instauração de Ditaduras Militares nos países da região para garantir os direitos das propriedades privadas. Houve golpes de estado em 1964 no Brasil e na Bolívia, em 1966 na Argentina, em 1968 no Peru, em 1973 no Chile e no Uruguai, e um novo golpe na Argentina em 1976. O Paraguai já vivia sob um regime de ditadura militar desde 1954. Um período de combates militarizados de enfrentamento à entrada do comunismo na América do Sul.
- Um ano após a "Crise dos Misseis", um acontecimento em Dallas, no estado do Texas, voltaria a gerar tensões políticas globais. Em 22 de novembro de 1963, o presidente norte-americano John Kennedy foi assassinado com um tiro na cabeça enquanto desfilava em carro aberto. O assassino detido, o norte-americano Lee Oswald, havia vivido na Rússia e no México. Tanto União Soviética quanto Cuba prontamente negaram qualquer vínculo ao assassinato.
- Em maio de 1967 a tensão no Oriente Médio voltou a se acirrar. O presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, restringiu a circulação de navios de carga israelenses pelo Mar Vermelho sob a alegação de que "o objetivo fundamental é destruir Israel". Em 5 de junho de 1967, a força aérea de Israel impôs um bombardeio em áreas militares que destruiu a maior parte da força aérea egípcia. Nasser pediu a intervenção da União Soviética, mas os russos fizeram um acordo com os Estados Unidos de que nenhuma das duas superpotências iria intervir no conflito. E o acordo foi respeitado. A Guerra dos Seis Dias durou de 5 e 10 de junho, com uma vitória esmagadora, Israel triplicou seu território, num conflito que deixou 16 mil mortos, 15 mil dos quais no lado dos países árabes.
- A Guerra do Vietnã teve semelhanças à da Coréia, uma vez que ambas nascem de uma divisão do país entre um norte comunista e um sul capitalista. Os conflitos se iniciaram em 1955, mas tomaram uma maior dimensão a partir de 1963, quando os Estados Unidos enviaram tropas para lutar ao lado do exército do Vietnã do Sul. União Soviética e China não enviaram soldados, mas forneceram armas e munições. A superioridade da força aérea norte-americana era enorme, mas só servia para destruir os sistemas logísticos do adversário, não servindo para os conflitos nas densas florestas tropicais. O país tecnologicamente e militarmente mais avançado do mundo não podia usar suas armas de maior destruição, tendo que levar seus soldados a se embrenhar em uma guerrilha na selva. Uma guerra que inicialmente parecia fácil de ser vencida, tornou-se paulatinamente perdida. Em 1973, os Estados Unidos assinaram um cessar-fogo, deram-se por vencidos, e se retiraram do Vietnã. Assim, seu fim foi diferente ao das Coréias, que terminaram segregadas em duas. Com a retirada norte-americana, o Vietnã do Sul foi tomado e incorporado pelo Vietnã do Norte, formando um único país. Ainda que bastante comemorada, aquela foi a última vitória comunista na Guerra Fria. A Guerra do Vietnã deixou um total de aproximadamente 3 milhões de mortos, sendo 1,3 milhão deles militares e 1,7 milhão de civis. Os Estados Unidos perderam 58 mil militares mortos.
- Em 1972, durante a realização dos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, no dia 5 de setembro o grupo terrorista palestino denominado "Setembro Negro" invadiu a Vila Olímpica, onde ficavam hospedados os atletas de todo o mundo, e fez reféns a 11 integrantes da equipe olímpica de Israel. Uma mal coordenada operação para tentar dar fim ao sequestro terminou com 17 mortos: os 11 reféns israelenses, 5 do 8 terroristas palestinos, e 1 policial alemão perderam a vida.
- Em 1973, o Oriente Médio voltou a entrar em conflito, com a eclosão da Guerra do Yom Kippur, quando Egito e Síria cruzaram, respectivamente, as fronteiras no Sinai e nas colinas do Golã, territórios que haviam sido capturados por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Após duas semanas de batalhas vencidas por egípcios e sírios, os israelenses conseguiram impor suas primeiras vitórias, a partir de então obtendo uma sequência delas durante uma semana que levaram o exército de Israel a invadir os respectivos territórios de seus invasores até as proximidades de suas capitais, Cairo e Damasco, forçando um acordo de cessar-fogo. A guerra durou três semanas e levou a mais de 10 mil mortes, sendo 2.500 delas do lado vencedor, o israelense.
- Durante os Anos 1960, a economia mundial passou por uma grande transformação: o petróleo, óleo extraído de altas profundidades do subsolo, ultrapassou ao carvão como principal fonte energética. E a maior concentração de poços de petróleo estava no Oriente Médio, sob o controle de nações islâmicas. Estas se organizaram na OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo), e em 1973 tomaram uma decisão drástica após a vitória israelense na Guerra do Yom Kippur, interferindo em suas produções petrolíferas de forma a gerar um aumento nos preços internacionais, para assim aumentar suas arrecadações como exportadores. A Crise do Petróleo de 73 levou a um colapso da economia mundial, gerando pressões inflacionárias e forte desaceleração do crescimento econômico.
- Foi a partir principalmente dos Anos 1970 que o comunismo começou a dar sinais de fragilidade na União Soviética. Os altos gastos militares e de propaganda começaram a gerar consequências negativas, agravadas pelas consequências que a escalada inflacionária que a disparada do preço do petróleo gerava sobre a situação econômica. Os membros do governo dispunham de mordomias que a quase totalidade da população não tinha acesso. Os cidadãos comuns viviam em apartamentos apertados e abarrotados, com pão e batata compondo a base de sua dieta, na qual até frutas e vegetais eram escassos. Passou a existir uma economia paralela nos subterrâneos da sociedade soviética, com produtos desviados a um mercado negro, considerado ilegal. Em muitos lugares de trabalho, o absentismo se tornou frequente. Não havia estímulo à produtividade: por que trabalhar mais para ao final receber o mesmo do que aqueles que tinham trabalhado pouco? O ideal socialista começava a dar sinais estruturais de caminhada à implosão. Embora a publicidade oficial afirmasse princípios de igualdade entre todos, a ampla maioria dos líderes não viviam sob tais preceitos. Não havia sentido em ressaltar a abnegação do indivíduo pelo bem de toda a comunidade quando os líderes políticos locais eram corruptos e o mercado negro tomava conta até de atividades cuja competência cabia ao Estado.
- Em 1975 uma revolução comunista rompeu em Angola, só então libertando o país das amarras coloniais de Portugal. O principal apoiador do movimento em termos de envio de soldados foi Cuba. Esta revolução representou o primeiro marco mais significativo de presença do comunismo na África. Desde então o país viveu uma intensa guerra civil, com envolvimento de tropas estrangeiras até 1988 e que, entre períodos de acirramentos e de pacificações, durou de 1975 a 2002. Não há estatísticas sobre quantas pessoas morreram neste conflito, mas 4 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar suas residências para fugir das batalhas.
- Em 1979, mais uma guerra eclodiu no contexto da Guerra Fria, a Guerra do Afeganistão, quando a União Soviética invadiu o país com o qual tinha fronteira para destituir ao regime afegão. Em situação inversa ao que havia ocorrido no Vietnã, desta vez foram os Estados Unidos quem enviaram armas e munições, mas não soldados, para o combate contra o exército soviético. E mais uma vez espelhando o Vietnã, a imensa superioridade militar de um lado perdeu sua vantagem na luta de guerrilha na qual se desenhou o combate. Se os Estados Unidos tinham sofrido com tal estratégia nas selvas do Vietnã, a União Soviética viveu a mesma situação nas montanhas do Afeganistão. A guerra se arrastou de dezembro de 1979 até fevereiro de 1989, deixando 2 milhões de mortos, tendo a União Soviética perdido 14,5 mil mortos (bem menos que os 58 mil que os EUA perderam na Guerra do Vietnã). Sem obter sucesso, e sob um custo pesado, a partir de janeiro de 1987 os soviéticos iniciaram um processo de retirada de suas tropas da região.
- A partir dos Anos 1970 também passou a haver uma marca de levante nos países islâmicos contra os hábitos ocidentais. A cultura emanada sobretudo dos Estados Unidos, mas também da Europa Ocidental, era rejeitada pelos muçulmanos mais radicais, avessos ao consumismo mercantilista e à propaganda ao consumo de bebidas alcóolicas e drogas alucinógenas, à tolerância com aventuras sexuais descompromissadas e à rebeldia da juventude, hábitos que consideravam de moral frouxa propagados pela televisão e pelo cinema. Não aceitavam a liberdade do Ocidente, sobretudo a tolerância ao papel das mulheres e de homossexuais na sociedade. O maior marco de levante contra tal cultura foi a Revolução Iraniana consumada em 1979, com a imposição generalizada de condenação à pena de morte a todos aqueles que adotassem costumes contrários à religião islâmica. A revolução gerou a Segunda Crise do Petróleo em 79, voltando a gerar um colapso na economia mundial, provocando pressões inflacionárias, altas das taxas de juros, o que por sua vez causou moratórias em economias em desenvolvimento que tinham alto grau de endividamento externo, e a uma consequente desaceleração do crescimento econômico global.
- Entre 1980 e 1988, o Oriente Médio vivenciou a Guerra Irã-Iraque, conflito que deixou 1,5 milhão de mortos. O conflito foi iniciado quando o líder militar iraquiano Saddam Hussein invadiu o território iraniano com aspirações territorialistas de expansionismo, buscando se aproveitar da crise sócio-política vivida pelo país vizinho. Curiosamente - dentro do contexto da Guerra Fria - tanto Estados Unidos quanto União Soviética forneceram armas aos iraquianos, pelo desconforto perante o radicalismo religioso imposto pela Revolução Iraniana, que a partir de 1978 tomou o poder no Irã e transformou o país de uma monarquia autocrática numa República Islâmica Teocrática, sob o comando do aiatolá Ruhollah Khomeini (aiatolá, cujo significado é "sinal de Deus"). A Guerra Irã-Iraque foi uma das cinco mais mortais da história até então, conflitando as duas principais potências militares sunitas e xiitas, uma dissidência teocrático-filosófica que retomava aos tempos da sucessão de Maomé: a cisão entre seus seguidores se deu após sua morte, em 632 d.C., sem que houvesse a designação de quem seria o seu herdeiro. A luta pela sucessão opôs os xiitas, partidários de seu genro Ali, e os sunitas, apoiadores de seu melhor amigo, Abou Bakr. Esta última corrente se impôs, defendendo a bandeira dos valores tradicionais das tribos árabes, com Abou Bakr sendo nomeado “califa”; mas este morre dois anos depois, vindo a ser sucedido primeiro por Omar e depois por Otham, que acaba assassinado em 656 d.C. pelos xiitas, que elevam Ali ao poder, quem acaba também vindo a ser assassinado em 661 d.C.. Desde então o conflito ideológico entre as duas correntes se arrastou por milênios.
- Os países de maioria muçulmana formavam um eixo territorial desde o Oceano Atlântico até a Ásia Central, com presenças estendidas pelo Oceano Índico. Todos os países do norte da África eram de maioria muçulmana, sendo eles, de oeste para o leste: Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Sudão e Egito; com a presença também da Somália na ponta leste do continente mais próxima ao Oriente Médio, onde a religião amplamente dominante era o islamismo (a única exceção era o estado de Israel, formado ao fim da Segunda Guerra Mundial). Na fronteira com a Europa, a Turquia também era um país de maioria islâmica. Do outro lado do Oriente Médio, na Ásia, o islamismo era maioria em Afeganistão, Paquistão e nas ex-colônias soviéticas de Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Quirguistão. Cruzando a Índia, de maioria religiosa hindu, do lado oposto do país a maioria era islâmica em Bangladesh, assim como era nos arquipélagos do Oceano Índico, entre a Ásia e a Oceania, que formavam a Indonésia.
- O colapso político e econômico da União Soviética chegou ao ápice com a eclosão do acidente na Usina Nuclear de Chernobyl, em 26 de abril de 1986, em território da Ucrânia. A partir de 1987, aumentaram as manifestações de descontentamento nos países comunistas do Leste Europeu, com manifestações nacionalistas que sinalizavam um descontentamentos com as condições econômicas e uma ânsia por liberdade de expressão. Como resposta, em 1987 foi iniciada na União Soviética uma política de renovação para tentar reverter os problemas econômicos enfrentados. Foi o tiro de misericórdia no regime.
- Em 8 de novembro de 1989, a primeira ruptura no Bloco Comunista: a Alemanha Oriental era o país do bloco com melhores condições econômicas, mas foi lá que nesta data o governo cedeu, anunciando que a população estava livre para deixar o país se assim desejasse. Na manhã seguinte, uma escavadeira começou a derrubar o Muro de Berlim, que fragmentava a cidade. Menos de um ano depois, em 3 de outubro de 1990, as duas Alemanhas se reunificavam num único país.
- Em 1989 a onda de mudança também passou pela China, mas por lá não prosperou, tendo havido uma forte repressão do governo, com um grande massacre de civis por forças militares após uma tentativa de rebelião ocorrida na Praça da Paz Celestial, em Pequim.
- Em 1990 os três países bálticos da União Soviética - Lituânia, Letônia e Estônia - conseguiram suas independências e se separaram da União Soviética. No mesmo ano a Iugoslávia entrou em colapso, levando a uma guerra civil que a levou a se fragmentar em cinco diferentes países, de acordo às suas maiorias étnicas e religiosas de cada área: Sérvia e Montenegro (que por uma década ainda manteria o nome Iugoslávia, tendo então ainda vindo a se fragmentar em duas nações), Croácia, Bósnia, Eslovênia e Macedônia. Pouco depois foi a vez da Tchecoslováquia se fragmentar em duas: República Tcheca e Eslováquia. Em 1991 foi a vez da União Soviética deixar de existir, com a Rússia vendo o território passar a ter nações independentes como Ucrânia, Bielorrússia e Moldávia na parte europeia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão na parte fronteiriça ao Oriente Médio, e na parte asiática as repúblicas de Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Quirguistão.
- Os Anos 1990 também foram marcados pela consolidação do projeto de formação da União Europeia, com a adoção do euro como moeda única da região. Nos Anos 1960 tinha havido o primeiro movimento, com a formação de um mercado comum de comércio entre França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Em 1973, Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca juntaram-se ao grupo. Nos Anos 1980, mais três países aderiram - Espanha, Portugal e Grécia - e o grupo passou a ser chamado de "Comunidade Econômica Europeia", um bloco de comércio que passou a ter tanto uma população quanto um mercado interno superiores aos dos Estados Unidos.
- Em 1997, a China chegou a um acordo com a Inglaterra e o território de Hong Kong, um dos mais desenvolvidos distritos asiáticos, voltou a ser reincorporado à China.
- Se por um lado nunca num século havia morrido tantas pessoas pela violência das guerras, por outro a principal característica do Século XX foi a consolidação de aceleração do crescimento populacional do planeta, num ritmo que adentrou pelo Século XXI: quando Júlio César foi designado Imperador de Roma, em 47 a.C., estima-se que a população mundial era de 250 milhões; somente em 1837 que a população global veio a superar 1 bilhão de pessoas; em 1927 ultrapassou os 2 bilhões, em 1959 passou de 3 bilhões, em 1974 de 4 bilhões, em 1987 de 5 bilhões, em 2000 superou 6 bilhões, em 2010 passou a marca de 7 bilhões, e em 2022 já eram mais de 8 bilhões de pessoas vivendo no planeta. A raça humana viveu uma explosão de densidade populacional como nunca vista na história.
- Foi o avanço da tecnologia o que viabilizou que o Planeta Terra pudesse sustentar mais seres humanos exponencialmente, com a abertura de vastos territórios com uso de novos meios para mover pessoas e coisas, e usando novas maneiras de aumentar a produtividade de uso do solo e assim cultivar mais alimentos; o crescimento populacional, em contraposição, podia ser domado de uma maneira economicamente cada vez mais barata e fácil através das escolhas das pessoas por mais qualidade de vida, sem que elas tivessem que restringir seus apetites naturais.
- Quando os mais jovens são muito mais numerosos do que os mais velhos, é normal que as convenções sejam cada vez mais questionadas, contestadas e, em alguns casos, subvertidas. Por isto, uma das marcas do Século XX também foi a existência de intensas Revoluções Culturais, causadas por uma explosão demográfica nunca antes experimentada na história humana.
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