UMA BREVE HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

 BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Cristianismo. Editora Fundamento, 2012. (324 páginas)

- Em 63 a.C., os romanos invadiram a Palestina. Donos do maior império que o mundo havia visto até então, eles conferiam certa independência às suas colônias, desde que fossem submissas, obedientes e pagassem seus impostos.

- Para os judeus, Deus era justo. Recompensava fartamente os bons e os justos. E sua vingança, sempre justa, abater-se-ia sobre todos aqueles que o desobedecessem.

- Jesus Cristo teria nascido no ano 6 a.C., e não no ano zero, por uma imprecisão da medição do tempo na Antiguidade, só corrigida séculos depois.

- Segundo o Evangelho de Marcos, Jesus teria irmãos e irmãs mais jovens.

- Aos 12 anos, Jesus teria feito uma peregrinação a Jerusalém com seus pais.

- Na época na qual Jesus era um jovem carpinteiro, as duas maiores cidades do Império Romano eram Roma e Alexandria. Em matéria de população, Jerusalém tinha pouquíssima importância. Parecia inconcebível que uma doutrina saída de lá chegasse às maiores cidades do império.

- Os registros dos discursos de Jesus revelam claramente a vida rural na Palestina, onde metade da população era de agricultores, donos de pomares e vinhedos, pastores de rebanhos, cavadores de poços, e carregadores de água. Ele repetidamente retirava da vida rural mensagens morais e religiosas em seus ensinamentos.

- Jesus considerava a riqueza pessoal um fardo e um perigo, representando uma ameaça moral, sinal de egoísmo e fonte de orgulho. Rejeitava, em especial, e hipocrisia daqueles que falavam uma coisa e praticavam outra diferente. Sua mensagem era toda baseada na compaixão e no amor.

- Tanto as autoridades judaicas quanto as romanas viam em Jesus um perigo para seu prestígio e sua autoridade, uma ameaça à sua governabilidade.   

- O fato da ressurreição de Cristo mudou o movimento dos cristãos de dimensão.

- Paulo de Tarso nasceu no sul de onde hoje é a Turquia, numa próspera comunidade de judeus, ao mesmo tempo em que também era cidadão romano. Ele foi um soldado perseguidor de cristãos, e após uma suposta aparição de Jesus Cristo para ele, tornou-se um discípulo cristão fervoroso.

- As Epístolas de Paulo são os primeiros documentos escritos por um cristão conhecidos na história.

- Por suas pregações, por volta do ano 60 d.C., Paulo de Tarso chegou preso a Roma, onde foi executado. A década entre os anos 60 e 70 d.C. foi perigosa para a nova igreja e seus líderes. Em 62 d.C., Tiago, irmão de Cristo, e na época bispo de Jerusalém, foi morto. Pedro, seu antecessor, o primeiro papa, tinha fugido de Jerusalém, mas acabou preso e condenado à morte em Roma. Lá ficaram então sepultados os dois mais famosos mártires da Igreja Cristã: Pedro e Paulo.

- Jesus Cristo transmitiu quase todos os seus ensinamentos numa língua semítica chamada aramaico, mas falava também um pouco de hebraico e de grego. Mas na maior parte das primeiras igrejas cristãs na Palestina, a pregação, os cânticos e as orações eram em hebraico. Os judeus cristãos que se reuniam fora da Palestina rezavam em grego, a principal língua da metade oriental do Império Romano. Vítor, um norte-africano morto em 198 d.C., foi o primeiro papa a abandonar o grego e adotar o latim, que acabou se tornando o idioma dos cristãos ocidentais.

- Em 247 d.C., A Igreja Católica definiu a celebração do Natal, o nascimento de Jesus Cristo, em 25 de dezembro, data do solstício de inverno no hemisfério norte. A Páscoa foi definida para ocorrer no mesmo final de semana da Passach, determinada pelo equinócio de primavera no hemisfério norte e pela lua cheia.

- Parte do apelo que fez o Cristianismo crescer estava associado à maneira prática de ajudar os pobres e os famintos. A crença na vida após a morte também atuou como um importante fator de atração. É provável também que a expansão cristã nos primeiros séculos esteja associada às epidemias que causaram inúmeras mortes na Europa. Os cristãos foram valorizados pelo auxílio humanitário que prestavam no cuidado dos doentes, sem exceção, independente da religião, do gênero ou da condição econômica, cuidando até mesmo dos escravos que se contaminaram.

- Em 312 d.C., Constantino se tornou o Imperador de Roma. Sua mãe era cristã. Um ano depois, ele autorizou que todos os cidadãos fossem livres para escolher sua religião, acabando com as perseguições aos cristãos. E foi ele quem determinou que o domingo fosse um dia santo, no qual ninguém deveria trabalhar (Jesus Cristo foi morto num domingo). E Constantino ainda aboliu a prática da crucificação.

- A partir de 330 d.C., ele definiu a cidade de Bizâncio como a capital do Império Romano Oriental, tendo o nome da cidade mudado para Constantinopla (hoje chamada Istambul), enquanto Roma ficou sendo a capital do Império Romano Ocidental.

- A partir do ano 320 d.C. começa a existir o conceito de Mosteiros, com o propósito de uma vida exclusivamente de reza e evolução espiritual, e de renúncia ao mundo exterior e seus prazeres, pois o corpo deveria ser domado por uma série de regras para que o espírito e a alma se transformassem e triunfassem. Os mosteiros mais influentes surgiram primeiro na região do Egito, onde foi fundado o Mosteiro de Pacômio, depois em 330 d.C. com o Mosteiro de Basílio, na Capadócia, onde hoje é a Turquia, e algumas décadas depois na França, com o Mosteiro de Martinho, ambos com uma doutrinação de defesa da meditação e do silêncio. Embora comer em silêncio e se afastar das mulheres não fossem ideias pregadas por Jesus Cristo, esta forma de vida foi amplamente adotada pela Igreja Católica.

- 325 d.C.: Concílio de Niceia (cidade hoje chamada Iznik), perto de Constantinopla, buscou a unificação de todos os conceitos da Doutrina Católica, rechaçando a Doutrina de Ário (também chamada Doutrina Ariana, mas cujo nome não tem nenhuma relação com o conceito étnico ariano, que seria uma civilização proto-indo-europeia originada na região de Ária, que fica onde hoje está o Irã). A Doutrina de Ário colocava Deus acima de Cristo, e não como iguais, doutrina esta que ganhou a simpatia dos povos bárbaros (aqueles que não tinham escrita): godos, ostrogodos, visigodos e vândalos. Os defensores desta doutrina passaram a ser chamados de heréticos.

Obs: Ário viveu e pregou em Alexandria, no Egito

- Por volta de 350 d.C., em torno da cidade de Cartago, na região onde hoje estão Argélia e Tunísia, no norte da África, havia a maior concentração de cristãos, maior até do que em Roma, Constantinopla e Alexandria. Nesta região, em 354 d.C., nasceu Agostinho de Hipona, que se tornou um seguidor de Manes (os Maniqueístas) e que ao ir viver primeiro em Roma e depois em Milão, tornou-se o mais influente pensador católico daqueles tempos. Ele descendia dos berberes (um grupo nômade das montanhas), e era filho de um pagão e uma cristã. Em essência, sua doutrina pregava que Deus sabia com antecedência tudo que aconteceria na vida dos cristãos.

- A partir da queda do Império Romano, invadido por hunos, ostrogodos, visigodos e nômades, de 493 a 540 d.C., Ravena, cidade próxima a Florença e Veneza, substituiu Roma como capital da parte ocidental do Império Romano, sob autoridade de monarcas e bispos seguidores da Doutrina de Ário.

- Por volta do ano 500 d.C., Bento de Núrcia constrói a maior rede de mosteiros da Europa, fundando a Ordem dos Beneditinos.

- Em 638 d.C., seis anos após a morte de Maomé, os muçulmanos invadiram e tomaram Jerusalém - que ocupariam por 11 dos 13 séculos seguintes (tendo por alguns períodos sido reconquistada pelas Cruzadas) - com o Califado Ortodoxo declarando a partir de então a cidade de Jerusalém como a terceira cidade mais sagrada do Islã, depois de Meca e Medina.

- Todo o litoral norte da África estava conquistado pelos muçulmanos antes de 675 d.C..

- Em 711 d.C., o exército do Islã conquistou Gibraltar, e nos dez anos seguintes tomou os territórios inteiros de Portugal e Espanha, além do sul da França.

- Em 846 d.C., cavaleiros muçulmanos invadiram e pilharam Roma.

- No Corão, livro sagrado do Islamismo, Jesus, o Nazareno, é citado 14 vezes, descrito como um profeta notável, mas não tão sábio quanto Maomé.

- A Cisão do Cristianismo: o papa vivia em Roma e era o chefe da Igreja Católica Romana, e o patriarca vivia em Constantinopla e era o chefe da Igreja Ortodoxa Bizantina. Nas igrejas católicas, a reza era em latim, e na ortodoxa era em grego. Na católica, os padres viviam em celibato, na ortodoxa podiam se casar e ter filhos (mas os bispos viviam em celibato, e se um padre se tornasse bispo, ele tinha que deixar à família e a esposa ir viver em um Convento de Monjas). Por séculos, a Igreja Ocidental sediada em Roma foi o ramo mais fraco do Cristianismo.

- As cinco diferentes pátrias da Igreja Ortodoxa eram a Sérvia, a Geórgia, a Rússia, a Grécia, e Bizâncio.

- Até 969 d.C. não havia representação de Jesus pegado na cruz, como passou a ser comum a partir de então.

- Já não se escolhia mais o papa por mérito, mas por pressões políticas ou dos donos de terra na Itália ou por ameaças dos imperadores germânicos. Em 1.012 d.C., a história recente dos papas era impressionante: 6 tinham sido assassinados nos 140 anos anteriores, tendo um deles (Leão V) sido morto por seu sucessor, outro (João XII) morreu nos braços de uma mulher casada quando tinha tão só 18 anos de idade. Roma se recuperava de um longo período de desonra, e a França se tornou o centro da cristandade, onde se destacavam as influências do Mosteiro Beneditino de Cluny e da rede de Mosteiros Cisterciense, todos focados na simplicidade, na clausura e na renúncia ao luxo.

- Em 1.095 d.C., na França, o papa Urbano II, um ex-monge do Mosteiro Beneditino de Cluny, tomou uma decisão que afetou os séculos seguintes, organizando uma das mais notáveis e ousadas aventuras da história, as Cruzadas, peregrinações em massa que buscavam reconquistar Jerusalém.

- Em 1.096 d.C., a 1ª Cruzada reuniu 20 mil participantes que cruzaram a Europa rumo a Constantinopla. Em 1.098, Antioquia foi reconquistada. Em 1.099 eles reconquistaram Jerusalém, matando cerca de 50 mil muçulmanos e judeus.

- Em 1.140 d.C. foi construída a primeira catedral ao estilo gótico, em Sens, na França. O mundo ocidental jamais havia visto tanto vidro junto como havia em seus vitrais.

- Entre 1.170 e 1.180 d.C. surgiu o conceito do purgatório na Doutrina Cristã, um lugar onde as almas esperariam para pagar seus pecados antes de entrarem no reino dos céus. Foi a partir do surgimento deste conceito que surgiu a prática da igreja cobrar indultos, para aliviar o tempo de espera no purgatório.

- Em 1.187 d.C. os turcos retomaram Jerusalém. Duas consequências indiretas das Cruzadas foram que elas aumentaram a cisão entre Católicos e Ortodoxos, e que intensificaram a rivalidade comercial entre Gênova e Veneza.

- Como em uma versão inicial de assistência social do Estado, a Igreja Católica mantinha, na Europa, albergues para os idosos, orfanatos para jovens, hospitais para os enfermos, leprosários para atender aos afetados pela praga da hanseníase, e hospedarias onde os peregrinos podiam encontrar cama e comida a um bom preço. Em tempos de escassez, a igreja funcionava como o maior fornecedor de pão e outros produtos essenciais, como o sal. Mas a Igreja Católica também possuía plantações e inúmeros imóveis, inclusive prédios luxuosos, e era a maior proprietária de terras do continente. Tudo, sobretudo, financiado pelas contribuições (dízimo) pagas pelos proprietários de terras.

- O surgimento das universidades resultou do trabalho da Igreja Católica, tendo os primeiros cursos sido os de medicina, teologia e direito canônico. As primeiras universidades surgiram na Itália, depois se replicando na Espanha e na Inglaterra. Entre as primeiras universidades do mundo estão a de Salerno (fundada em 802 d.C.), Bolonha (fundada em 1.164 d.C.), Oxford (fundada em 1.096 d.C.) e Salamanca (fundada em 1.243 d.C.).

- 1.181 d.C.: nasceu na Itália o reformador católico Francisco de Assis. Ele renunciou à riqueza do pai e partiu como peregrino, pregando contra a riqueza e o materialismo, e à ameaça moral do brilho das moedas. Foi seguido por milhares, fundando a Ordem dos Frades Franciscanos. Espalhou-se a ideia de que ele era capaz de falar com os animais, ampliando a lenda em torno dele. Ele faleceu em 1.226 d.C..

- 1.216 d.C.: o espanhol Domingos de Guzmán funda a Ordem dos Dominicanos. Ele foi outro cristão que renunciou à riqueza do pai para fazer votos de pobreza e atrair milhares de seguidores. Os dominicanos ficaram famosos como oradores e conversores de heréticos. Após sua morte, suas ideias foram renovadas por Tomás de Aquino.

- Franciscanos e dominicanos ficaram sendo chamados de frades pedintes, e alimentavam grandes rivalidades filosóficas entre si.

- Em 1.309 d.C., o novo papa eleito, Clemente V, decidiu não ir a Roma. Ele ficou vivendo em Avignon, na França. Nos 70 anos seguintes, o papado governou a igreja do sul da França, até que Urbano V decidiu regressar a Roma. Entretanto, ele faleceu um ano depois, dando lugar a uma sucessão conflitosa. Nos trinta anos seguintes a Igreja Católica teve dois papas ao mesmo tempo, um em Roma e outro em Avignon. O "papa romano" tinha apoio dos países de língua alemã, e de Hungria, Polônia e Inglaterra; e o "papa francês" tinha o apoio de França, Espanha, Escócia, Savóia, Nápoles, Sicília, e do sul da Itália.

- O Concílio de Pisa, em 1.409 d.C., destituiu os dois papas rivais e elegeu a um novo (Alexandre V). Mas a cisão continuou, com os papas não aceitando a decisão do concílio e havendo três papas ao mesmo tempo. Um novo concílio, em 1.417, destituiu os papas e elegeu a Martinho V, tendo daí em diante o poder reunificado em um único papa, que governava à igreja desde Roma. Daí em diante, nunca mais um francês foi escolhido como papa.

- Em 1.453 d.C., os Otomanos conquistaram Constantinopla, naquela que foi a maior matança presenciada pelo mundo até então. Assim, as quatro grandes cidades da Cristandade no Oriente - Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém - estavam nas mãos dos muçulmanos. Só Roma restava como grande centro cristão.

- O centro da Igreja Ortodoxa se moveu então para a Rússia após as Invasões Otomanas.

- Em 1.490 d.C., quando novas rotas marítimas foram abertas para a Ásia e as Américas, franciscanos e dominicanos foram frequentemente os primeiros a embarcar para levar a palavra de Cristo e converter novos povos.

- Em 1.517 d.C., Martinho Lutero pregou um documento com 99 teses citando e condenando práticas da igreja - como a venda de indulgências para o perdão dos pecados ou em favor dos mortos, e excessos de luxúria dentro de vários mosteiros - documentos pregados em Wittenberg, na Alemanha. Seus argumentos também tinham um caráter nacionalista, pois segundo ele Roma estaria roubando as riquezas da Alemanha. Em 1521, ele foi excomungado pelo papa.

- Paralelamente às reinvindicações de Lutero, a Europa vivia a revolta de camponeses contra as porcentagens de grãos produzidas que deviam ser repassadas à igreja e aos donos de terras.

- Wittenberg era a região que comandava a nova tecnologia de impressão de livros, e por isto a Reforma Protestante foi catalisada, com suas ideias se espalhando rapidamente pela Europa.

- Erasmo de Roterdã, na Holanda, e Ulrico Zuínglio, em Zurique, na Suíça, foram outros importantes reformadores.

- Os protestantes questionavam a Bíblia e eram contra o celibato, afirmando que o texto sagrado não mencionava qualquer proibição ao casamento. Lutero, Erasmo e Zuínglio se casaram e tiveram filhos.

- Em 1.531 d.C., Ulrico Zuínglio foi morto por tropas católicas.

- Em 1.533 d.C., em busca de um filho homem, o rei Henrique VIII, na Inglaterra, rejeitou à sua esposa, Catarina de Aragão, com quem havia tido apenas filhas mulheres, e se casou com Ana Bolena, dama de companhia de sua ex-mulher. Foi então excomungado pelo papa. Ele fundou então a Igreja Anglicana, ainda que continuasse se considerando católico e sendo um combatente das ideias dos Luteranos.

- A partir de 1.536 d.C., um outro reformador se tornou muito influente, o francês João Calvino, atuante em Genebra, na Suíça.

- Após Luteranos e Calvinistas, John Knox fundou na Escócia a Igreja Presbiteriana. Os movimentos protestantes se multiplicavam.

- Em 1.545 d.C., foi instalada a mais abrangente reunião da história do Cristianismo, para deliberar sobre as controvérsias entre o norte da Cordilheira dos Alpes, cada vez mais protestante, e o sul dos Alpes, ainda solidamente católico. O local escolhido foi o norte da Itália, onde foi organizado o Concílio de Trento, iniciado em 13 de dezembro de 1545.

- Os Luteranos só apareceram no sexto ano do concílio, e sua estadia foi breve.

- A sessão final do Concílio de Trento só aconteceu em dezembro de 1563, 18 anos após seu início.

- Corajosamente, o resultado do concílio reconheceu que a Igreja Católica precisava de mudanças. A principal decisão foi a criação de seminários para treinar os padres, dado que muitos não conheciam a Bíblia.

- A venda de indulgências foi suspensa, mas se reafirmou a crença no celibato dos padres.

- Como resultado da Contra-Reforma da Igreja Católica, surgiram ordens como a dos Capuchinhos, que reviviam os ideais franciscanos, a das Carmelitas, sob a liderança da espanhola Tereza de Ávila, e a dos Jesuítas, baseada nos pensamentos do espanhol Ignácio de Loyola.

- Em 1.492 d.C., Cristóvão Colombo chegou à América Central, e em 1.500, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil. As novas terras descobertas foram divididas entre as coroas monárquicas das duas potências marítimas da época, Espanha e Portugal. Logo missionários católicos embarcaram nas jornadas marítimas para catequisar os habitantes das novas terras, tendo os responsáveis por estas missões sido os Jesuítas e os Dominicanos. E eles foram os únicos a se levantar (ou tentar se rebelar) contra a escravidão nas Américas.

- Se os missionários tivessem permanecido na Europa, certamente teriam tido uma vida mais longa. Teriam estado mais confortáveis dentro de seus mosteiros do que no calor dos trópicos.

- Nos séculos seguintes, ingleses e franceses também ocuparam terras no novo continente aonde chegaram os europeus.

- A partir de 1.660 d.C., o norte dos Estados Unidos começou a sr ocupado por protestantes - Calvinistas, Congregacionistas e Anglicanos - refugiados em busca de liberdade religiosa, fugindo dos conflitos político-religiosos na Grã-Bretanha. Estes imigrantes chegaram com suas famílias inteiras.

- O protestantismo crescia bastante. Duas igrejas surgidas na Grã-Bretanha, cresceram em especial nos Estados Unidos nos Anos de 1600 e 1700: os Batistas e os Metodistas.

- Enquanto a tradição católica se baseava na hierarquia, os protestantes enfatizavam a leitura individual da Bíblia e o relacionamento direto destes indivíduos com Deus.

- Ao incentivar a discussão sobre o significado de muitos trechos da Bíblia, os protestantes indiretamente favoreceram o debate sobre os princípios básicos do cristianismo. Assim, abriram caminho para que outros pensadores criticassem os conceitos religiosos. O Deísmo cresceu em influência no Século XVIII na França, na Prússia e na Inglaterra. Eles acreditavam que Deus criou tudo, mas que não intervinha sobre a vida humana.

- Nicolau Copérnico, na Polônia, Galileu Galilei, na Itália, Isaac Newton, na Inglaterra, René Descartes, na França, e Christiaan Huygens, na Holanda, entre outros cientistas e matemáticos, começaram a provar que o universo e a vida funcionavam regidos por leis naturais.

- Nos Anos 1.750 e 1.760, Jean-Jacques Rousseau, originalmente um calvinista, de Genebra, desafiou a tese de que a humanidade carregava a mancha do pecado original cometido no Jardim do Éden, como afirmava a Doutrina Católica, para ele o ser humano nascia bom, era a civilização quem o corrompia.

- Com a Revolução Francesa, o Ateísmo se apossou do pedestal da França revolucionária, na década de 1.790.

- Nos Estados Unidos, na década de 1820, Joseph Smith afirmava ter descoberto escritos antigos preservados em placar de ouro que mencionavam uma tribo perdida de Israel que havia vivido nos EUA em 600 a.C., e que Jesus Cristo, depois de sua ressurreição, visitou esta tribo, que ainda estava existindo por lá nestes tempos. As verdades desta sua crença estariam no Livro dos Mórmons, que era o principal documento da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, fundada por Joseph Smith.

- Novas ordens católicas surgiram na Europa no Século XIX. Na França, em 1824 foi fundada a Companhia de Maria (Ordem dos Maristas), em 1830 foi criada a Sociedade de São Vicente de Paulo, e em 1859, e Turim, na Itália, foi fundada a Pia Sociedade de São Francisco de Sales (Ordem dos Salesianos).

- O papado em Roma representava uma longa tradição de conservadorismo. Mas a tradição, uma fonte de força, pode se tornar um obstáculo quando o mundo à sua volta se transforma muito rapidamente. O papa Pio IX via o liberalismo e o avanço da democracia como inimigos perigosos da igreja. Em 1878, ele condenou o comunismo e aspectos do socialismo.

- Na história, poucas invasões de ideias se comparam à disseminação global do Cristianismo durante o período de 1.780 a 1.914 d.C., quando se tornou pela primeira vez a maior religião do mundo. No esforço de conquistar os povos de terras longínquas, os protestantes ficaram atrás dos católicos.

- A Revolução de 1917 foi um duro golpe deferido nos cristãos russos. Lenin classificou o Cristianismo como "uma das coisas mais odiosas da face da Terra". A Igreja Ortodoxa, aliada dos czares, foi perseguida: todos os seminários foram fechados e doutrinar religiosamente a menores de 18 anos se tornou um crime passível de cadeia. Proibiu-se também a comemoração da Páscoa e do Natal na Rússia a partir de 1923.

- Em Jerusalém, em 1964, o papa católico e o patriarca ortodoxo voltaram a se encontrar. O último encontro entre as duas autoridades religiosas havia sido em 1439. Foram 5 séculos sem que eles não se cumprimentassem.

- Em 1900, ninguém poderia prever o rápido declínio da Europa como coração do Cristianismo. Em 1999, mais da metade das pessoas do mundo que receberam o sacramento do batismo católico vivia na América Latina e na África.

- A América Latina e a África também foram reduto de uma onda de expansão das Igrejas Protestantes no Século XX. As Igrejas Pentecostais acrescentaram ao protestantismo mais seguidores do que a Reforma original tinha atraído com Lutero, Calvino, Zuínglio e Henrique VIII.

- Em 1.978 d.C. foi eleito o papa João Paulo II, nascido na Polônia de família humilde, e um ativista contra o Comunismo no Leste Europeu. Era o primeiro papa não italiano em 4 séculos.

- João Paulo II foi papa até 2005, representando o segundo mais longo pontificado da história até então.

- O "papa peregrino" viajou pelo mundo. A soma das distâncias percorridas em suas viagens excedia a soma de todas as distâncias percorridas por todos os papas nos mil anos anteriores.

- Ao fim do Século XX, pela primeira vez na história, várias doenças cuja ausência de cura alimentava o credo religioso, foram tratadas pela ciência. Assim, havia menos incentivo social para se recorrer à Bíblia nos momentos de dor e de desespero. Se antes as pessoas se satisfaziam com explicações baseadas no sobrenatural, passaram a recorrer com maior frequência à ciência, à lógica e à razão. No entanto, é mais fácil explorar as leis do universo do que entender o coração e a mente dos seres humanos. Calar-se e fugir da discussão sobre a natureza humana que cerca todo o conceito de "Deus" é não perceber por que a religião faz tanta gente pensar há tanto tempo.

- Posfácio: em 2013, o argentino Francisco I foi o primeiro papa eleito de fora da Europa na história da Igreja Católica.