Todas as sociedades do planeta possuem duas coisas, linguagem falada e religião, mas nem todas inventaram alfabetos ou a física nuclear. Bebês humanos não nascem sabendo nada disto, eles aprendem tudo como esponjas cognitivas. E o grau de capacidade de aprendizado destas esponjas cognitivas varia de acordo à "inteligência coletiva" das sociedades humanas às quais se está imerso, e com as quais se têm contato, como uma parte da identidade cultural transmitida a cada indivíduo, com as quais nem todas haverá identificação.
Já citamos que é mais fácil explorar as leis do universo e da natureza do que entender o coração e a mente dos seres humanos. A convivência humana é complexa. Os seres humanos têm seus próprios interesses pessoais e inevitavelmente e comumente entram em conflito e disputas. Para viver em sociedade, como civilização, a nossa espécie estabeleceu uma série de regras para o ordenamento coletivo, normas de conduta que impõem um determinado comportamento. Há que se buscar entender as razões delas, para a partir disto determinar as melhores práticas de convívio.
Em um primeiro momento ao longo de sua evolução, as divergências entre os seres humanos eram resolvidas pela força física, como ocorre no resto do reino animal. Buscando a pacificação de convívio, a evolução humana nos levou a estabelecer algumas normas de conduta e comportamento perante a coletividade. Ainda assim as complexidades de convivência seguiram não só existindo, como foram ficando cada vez mais desafiadoras, uma vez que éramos cada vez mais gente convivendo junta. A solução pela força física passou gradativamente a ser substituída pelo uso de armas cada vez mais mortais, o que só deixou tudo ainda mais desafiador. As normas e regras buscaram acompanhar tais mudanças.
No começo desta busca através do estabelecimento de normas, a lei foi parte da religião. Foi assim com hindus, gregos e romanos, assim como com inúmeros e diversos outros povos. As primeiras regras jurídicas chegaram mescladas a ditames religiosos em um só corpo, como um código de conduta da sociedade. Como consequência, era da figura de sacerdotes que vinha a legislação das normas. Este fenômeno se manifestou nas mais variadas culturas humanas ao longo de todas as partes do globo terrestre, não tendo sido exclusividade de nenhum movimento religioso em particular. Para os cretenses era a lei que foi ditada por Zeus, para os atenienses por Apolo, para os romanos pela deusa Egéria, assim como séculos depois para os muçulmanos foi a ditada por Maomé. Mesclada ao elemento religioso, a norma tinha natureza sagrada, e por isto era imutável, por serem manifestações divinas.
Tais conceitos sofreram profundas modificações ao longo do tempo, e hoje podemos olhar para trás e aprender com tudo. As crenças que nos foram transmitidas são parte da identidade cultural transmitidas a cada um de nós por aqueles que nos receberam na sociedade na qual viemos a nascer. Faz parte do nosso processo de compreensão e entendimento de quem realmente somos como indivíduos, buscar o entendimento e a consciência de como somos influenciados pelos elementos característicos destas crenças que nos cercaram desde quando nascemos.
Mais uma vez, como já citado quando refletimos sobre as nossas identidades culturais, cabe a cada um de nós uma interação inteligente dos elementos que nos cercam para construir uma identidade única como ser humano, aquela propriamente exclusiva do seu ser e que te diferencia. Para conhecermos a nós mesmos, temos que partir da identificação do que é efetivamente o seu "eu" e de quais são as "tuas" crenças, e diferenciar isto do que é mera reprodução de crenças sociais às quais fomos submetidos, tendo uma consciência de quem somos verdadeiramente, buscando construir as próprias escolhas de identificação ou rejeição a cada traço desta identidade coletiva na qual se está imerso, decidindo cada traço que você quer assimilar e integrar como parte da sua própria identidade.
Entender como você se relaciona com as crenças que a humanidade construiu, é fator fundamental para entender quem você é, porque é o que te definirá. Mais uma vez: aqueles que conhecem profundamente a si mesmos, e sabem se diferenciar dentre tudo aquilo que os cerca, conhecem tudo o que a vida tem a oferecer.
O mais importante a ser aprendido e compreendido sobre qualquer uma das crenças humanas é entender que elas se tratam de símbolos elaborados por nossos antepassados, seja através de seus conhecimentos acumulados, seja através de suas limitações da compreensão de tudo, como um fator comum a tudo que a nossa humanidade transmite adiante em qualquer de suas crenças, não só naquelas associadas à religião.
Precisamos estar refletindo e revirando constantemente tais símbolos, para entender quais deles tem algo a nos ensinar, e quais devemos simplesmente descartar. Somos, seja como indivíduo ou como coletividade, um estado eterno e constante de transformação. Cabe a nós escolher quais fatores devemos usar para nos transformarmos em prol de evoluirmos e sermos cada vez melhores, individualmente e em nossa coletividade.
Para encontrar este crescimento pessoal, é preciso buscar reconhecer todos os símbolos manifestados a nós em nossas vidas. Eles chegam a nós através das muitas tradições e crenças humanas a nós transmitidas e apresentadas, cabendo a nós buscar entendê-las, interpretá-las e utilizá-las para nos guiar sobre quais escolhas fazer, aquelas que nos proporcionam crescimento pessoal e nos guiam pelos caminhos que desejamos seguir, aqueles nos quais encontraremos satisfações e nossos verdadeiros propósitos de vida. Entender os símbolos a nós apresentados corresponde à nossa capacidade individual de compreender aqueles indícios que nos ajudarão a entender o sentido de tudo, e nos ajudarão a fazer as escolhas que nos lavam a evoluir, este que ao final é o principal propósito de cada uma de nossas vidas.
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