sábado, 27 de julho de 2024

Lições da dinâmica do universo para os comportamentos humanos


Há mais de 100 bilhões de galáxias no universo e há centenas de bilhões de estrelas em cada uma destas galáxias. Diante de uma imensidão cósmica, vivemos num sistema estelar e num planeta que só se formaram por causa do acúmulo de poeira cósmica. Tendemos a nada, mas somos tudo.

O grande paradoxo é que não importa que nossa existência tenha a probabilidade de ser um limite tendendo a zero na escala do tempo, ou que nossa presença tenda a zero na escala cósmica do universo físico ao qual pertencemos. Apesar de nossa insignificância diante da imensidão, o único que realmente importa é o que está dentro de cada um de nós. Somos o único que dá sentido às nossas vidas. Só não somos nada pela percepção que existe dentro de nossas mentes. E somente o que há dentro delas é o que realmente importa. E não há acaso, tudo está conectado a um ritmo próprio, só precisamos entender as conexões entre a cadência de tudo e as nossas próprias cadências, que são únicas.

No universo, tudo está - absolutamente tudo - em movimento; alguns se atraindo entre si, outros se distanciando, mas tudo respondendo a um ritmo com uma sintonia própria. Assim como há uma dinâmica rítmica que rege o nosso universo, também dinâmicas rítmicas regem à própria humanidade. Há lições que a dinâmica do universo nos mostra para entendermos comportamentos humanos e os nossos processos pessoais para que, a partir disto, tenhamos uma consciência mais ampla de como fazer nossas escolhas e tomar melhores decisões em nossas vidas.

A dinâmica deste universo, no qual não há nada parado, indica um equilíbrio que só existe porque há constância de mudanças realizando transformações necessárias para garantir a harmonia de sua essência. Nada é estático, tudo é movimento e metamorfose. E assim como é no plano físico da imensidão cósmica, também é tanto no plano das relações humanas quanto no plano mental de desenvolvimento individual de cada ser humano.

Tudo é regido por uma sintonia própria que flui entre todos os planos. No nosso universo, há correspondência entre todos os planos. Quando se compreende e se extrai o sentido das leis universais e naturais que regem tudo que nos cerca, pode-se aplicar tais leis em qualquer outro plano que irá funcionar da mesma forma, encontrando-se suas similaridades em outras formas. Por exemplo, assim como as leis físicas de ação e reação funcionam para todos os objetos da natureza, as leis de ação e reação funcionam igualmente entre todas as relações humanas: toda causa tem o seu efeito e todo efeito tem a sua causa, todas as coisas acontecem por um motivo, ainda que muitas vezes não consigamos visualizá-lo. Não existe acaso, pois não há como se poupar das consequências cujas causas já geramos.

No campo das causas, todos nós temos poder, no campo das consequências já não mais. Podemos semear tudo que quisermos, temos a liberdade de fazer as nossas escolhas, mas a colheita é sempre obrigatória, pois no terreno das consequências somos condicionados, uma vez que sempre colheremos o que plantamos. Tudo é uma consequência natural das coisas que geramos por nossas escolhas próprias. Assim como o é nas relações físicas que estão constantemente acontecendo nos movimentos incessantes do nosso cosmos.

O conceito que melhor ilustra esta concomitância de reações constantes que estão o tempo todo acontecendo à nossa volta e afetando às nossas vidas, foi a "mão invisível" formulada pelo economista Adam Smith. Há uma enorme polêmica e discussão ideológica em torno deste conceito em debates sobre a formulação de pensamento econômico. De uma forma bem simples e superficial: a polêmica que existe é sobre a eficiência desta mão invisível no funcionamento da economia. A corrente de pensamento liberal defende que se deixe esta mão invisível livre para funcionar sozinha, porque ela por si só é capaz de reger e encontrar as melhores soluções. Por outro lado, a corrente de pensamento intervencionista defende que a economia precisa da ação humana para que exista um funcionamento equilibrado, sem que esta mão invisível haja por si própria e gere distorções que afetam as relações sociais. Mas estes efeitos na economia das sociedades humanas não são o propósito a ser discutido aqui, que a inteligência coletiva encontre seus próprios meios para lidar de forma eficiente com eles.

O que interessa aqui é a dinâmica de conhecimento numa escala muito mais ampla, tanto na direção das relatividades da imensidão de nosso universo como um todo, quanto na imensidão em escala quântica de nossa essência como indivíduos. É tanto sobre você como sobre tudo que existe. Há uma sincronicidade entre estas escalas extremas, nas quais a "mão invisível" nada mais é do que uma infinidade de acontecimentos que você não pode controlar e cujos desdobramentos afetam a tudo e a você.

Em que sentido esta "mão invisível" afeta as nossas vidas? Há um monte de coisas que estão acontecendo ao mesmo tempo ao nosso entorno sobre as quais não temos nenhum controle e que afetam as nossas vidas. Nós individualmente plantamos e semeamos impressões naqueles com os quais convivemos. Estas impressões são absorvidas por cada um daqueles com os quais nos relacionamos, que a partir de então escolhem como querem se relacionar conosco. A soma de todas estas impressões individuais afeta a forma como somos vistos, como somos interpretados, a qualidade dos relacionamentos que teremos, as conquistas que conseguiremos e muitas outras coisas em nossas vidas. Tudo está em movimento constante, nada sendo estático. Uma parte destas reações conseguimos capturar e nos ajustar a elas, e em cima delas também estamos fazendo as nossas próprias escolhas em relação a quem se aproximar ou distanciar. Tudo está relacionado. Instintivamente, todos estão buscando atender as suas próprias necessidades de eliminação constante de impurezas na hora de escolher o que fazer e com quem se relacionar. Haverá aqueles que nos preterirão e nós agradeceremos por isto, haverá aqueles que nos preterirão e nos farão sentir-nos magoados, porque desejávamos que não nos preterissem. A mão inversa é igual: buscaremos nos afastar de alguns que desejavam nos ter mais próximos, assim como nos afastaremos de gente que agradecerá por termos nos afastado. Esta é toda a complexidade da coletividade de relações humanas. Nós temos poder de ação, mas não temos controle sobre tudo. Cabe-nos apenas buscar a consciência que nos fará minimizar as causas e efeitos de tudo que nos cerca e nos afeta. Temos o poder para usar a razão e a emoção para interpretar a estas razões e emoções alheias sobre o nosso comportamento e os nossos atos, mas não temos a capacidade de entender e de controlar a todas as impressões que causamos e que geram reações na forma como aqueles que nos relacionamos nos tratam e se relacionam conosco.

O nosso universo nos mostra que tudo é harmonia por oposição: tudo que se cria, cria-se pela harmonização de oposições e pela criação de um novo. Tudo que é gerado no plano físico, procriado no plano mental ou criado dentro de nós no plano espiritual, tem o princípio de masculino e feminino, pois absolutamente tudo é produzido a partir do que é semeado por uma semente - seja ela física ou mental - que fecunda, e com algo que recebe e guarda tais sementes, nutrindo-as e fazendo-as germinar, e a partir disto construindo algo novo, que não existia sem este encontro. Acontece no campo das ideias, dentro das mentes, sendo reflexões compartilhadas que alimentam o pensamento e o espírito daqueles que as recebem e as cultivam.

Em tudo e em todos há esta oposição do masculino e do feminino. E aqui o assunto não tem absolutamente nada a ver com sexo ou escolhas sexuais. O sexo entre humanos tão só é a manifestação de gênero em seres orgânicos, presente em todos os animais com o propósito de procriação das espécies. De forma totalmente independente de questões relacionadas ao gênero humano, todos temos dentro de nós uma mente masculina e uma feminina, no sentido da existência de elementos que criam ideias originais; sementes que inseminam e fecundam a mente feminina, que é onde se nutrem as ideias originais semeadas e se dá corpo a elas, até que aquilo venha à luz e se torne uma postura, uma crença ou um princípio. Tanto no plano físico do universo, quanto no plano social das relações humanas, assim como no plano mental de essência de cada indivíduo, estes elementos estão presentes, sendo a partir deles e em cima deles, que cada um de nós constrói nossas próprias escolhas. Em resumo, este conceito de mente masculina e feminina dentro de cada um de nós está relacionado a ideias originais geradas por inspirações, as quais são germinadas a partir do hábito e da nossa capacidade de poder com a reflexão constante. Esta é a essência das relações humanas.

Tudo é organizado no nosso universo através de uma lógica. O acaso nada mais é do que uma medida de nossa ignorância e de nosso desconhecimento. Só acreditamos que é casual aquilo que não entendemos como funciona. Assim como no universo, dentro de nós e na humanidade como um todo, nada é estático, tudo está em movimento e em processos de aceleração de desaceleração. Nós somos o nível que nossa consciência está vibrando, e devemos buscar constantemente os propósitos internos para elevar o nosso nível de consciência. Tudo oscila entre opostos o tempo todo. É isto o que o nosso universo nos mostra.

A dinâmica e os ritmos de nosso universo nos indicam que em meio a forças constantes de construção e desconstrução, para haver harmonia há sempre que se acertar a dose de energia. Isto serve para todos os planos! Nas relações humanas, para promover evolução, é fundamental encontrar o momento certo para interferir e mudar o ciclo mental em que as pessoas se encontram, inclusive nós mesmos.

Mesmo quando se escuta ativamente o que os outros querem dizer e se presta atenção no momento certo para interferir, ainda é preciso encontrar a forma certa, na qual não se atue de forma tão brusca a ponto de chocar nem tão sutil a ponto de não causar efeito nenhum. Não se deve se expressar com um excesso de dureza para que a pessoa não se magoe, mas é preciso sempre ter firmeza de argumento no que se quer que seja expressado para que assim se passe credibilidade à mensagem dada. Não é simples, porque cada indivíduo é diferente e tem a sua cadência própria. É necessário encontrar sempre a forma, a quantidade e a intensidade certas para transformar o que se deseja. Assim como para se atingir uma pedra, uma madeira ou um papel, há que se aplicar forças distintas. No relacionamento com cada pessoa, há que se encontrar a intensidade certa. São as lições que a dinâmica do universo indica para os comportamentos humanos.

Entretanto, além da forma como o nosso universo afeta as nossas vidas, há que se entender também como a nossa natureza interfere em quem somos e como agimos. O tudo na construção da humanidade foi elaborado pela mente, tudo que vai ser, surgiu, surge e surgirá a partir de um plano mental, tanto individualmente, dentro de cada um de nós, como produto coletivo da união de mentes humanas trabalhando em conjunto, complementando-se umas às outras. Só que existe interferência nisto pela nossa natureza animal, que necessitamos conhecer, saber domar e transformar em forças usadas a nosso próprio favor. Além do reflexo de nosso universo em nós, somos regidos também pela nossa natureza animal e pela nossa humanidade diferenciada, frutos dos complexos sentimentos que nos diferenciam de todos os demais seres com os quais compartilhamos a vida no Planeta Terra. Assim, para conhecer quem somos, precisamos, além de entender as forças que regem ao nosso universo, entender as forças de instinto que regem a nossa natureza humana.


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