Não há como passar pela vida sem refletir sobre propósito. Tudo que nos cerca nos instiga à reflexão, desde o passado, ao presente, até as expectativas do que será futuro. Tudo que nos cerca nos guia. Para onde olhamos, encontramos revelações e inspirações, independente das nossas crenças pessoais, seja você um adepto de crenças religiosas ou um descrente e sem qualquer fé na religião. Todos estão conectados a absorver as lições que transcendem a nossa existência como indivíduos durante a nossa passagem por esta vida. Nosso universo, nossa natureza e nossa humanidade em si estão o tempo todo nos mostrando os caminhos que podem ser seguidos. Cabe saber escolhê-los.
O propósito aqui é oferecer uma viagem pelo conhecimento, por todas as óticas e ciências da humanidade, sem a pretensão de esgotar temas. A vida que nos cerca é um dos inesgotáveis mistérios em torno do infinito. E o que interessa é como conseguimos transformar aquilo que alcançamos ver e entender na luz que iluminará os nossos interiores e nos guiará pelos caminhos das escolhas que faremos enquanto estivermos por aqui.
Não importa como tudo surgiu - creia você que pelas ações de um Deus criador, um desenhador inteligente, ou através de uma sucessão de ocasionalidades da natureza - o que importa é entender tudo aquilo que vemos desde que surgimos e como tudo nos fez chegar até onde estamos, e a partir disto identificar os caminhos para onde queremos seguir. Trata-se de entender como tudo afeta você e a todos nós como sociedade humana.
Trata-se de compreender como nossa evolução nos leva individual e coletivamente a buscar oportunidades para as transformar em benefícios à nossa existência (mais uma vez individual e coletivamente). Foi assim ao longo da história que os seres humanos construíram caminhos para crescer e se aprimorar, aprendendo e ensinando, mudando e progredindo, e encontrando os meios que nos levaram a nos desenvolver coletivamente como espécie.
O nosso progresso evolutivo como seres tem que se refletir na nossa capacidade de progredir como indivíduos. Todas as descobertas que levaram ao desenvolvimento da humanidade tiverem e têm a curiosidade como ponto de partida e a criatividade como a indicadora das soluções. O nosso maior dilema, por mais paradoxal e confuso que seja, é equilibrar as nossas curiosidades na busca por se ter a capacidade de nos auto-entender. Quem somos? Qual a dinâmica dentro de cada um de nós e dentro do âmago coletivo que nos forma como sociedade e que nos faz uma humanidade? O que estamos fazendo aqui?
É paradoxal e estranho que a natureza da vida seja a mudança, enquanto a natureza de nós, seres humanos, seja resistir às mudanças! Mas não há como driblar um destino: quando nascemos só carregamos conosco duas certezas, a de que um dia morreremos e que, antes disto acontecer, passaremos nossa vida inteira fazendo escolhas, cada uma delas com o poder de afetar nosso destino e mudar a nossa história de vida.
Na natureza terrestre e na astronomia universal, tudo deriva de uma notável série de eventos envolta em mistérios: o infinito se faz presente nas leis físicas em todas as direções. A humanidade sempre estará cega em relação aos pontos de origem e de fim, sejam eles materiais (o universo espacial) ou temporais. A razão não explica tudo: probabilisticamente a chance de cada ser humano existir é um limite tendendo a zero (ou seja, é matematicamente zero!). Como? Por quê? Na vida de todos os nossos progenitores, há uma infinidade de acontecimentos que precisam se desenrolar numa cadeia temporal de múltiplas possibilidades que numa ótica estatística representam uma probabilidade tendendo a zero de que qualquer um de nós ganhe a vida. Quantas coisas no passado poderiam ter desviado os destinos daqueles que vieram a ser os pais biológicos de cada um de nós? Quantas escolhas diferentes de cada um deles poderia tê-los levado a sequer se conhecer? A que um espermatozoide não chegasse a um óvulo e não gerasse um embrião? Infinitas possibilidades de escolhas que poderiam ter levado a que cada um de nós fosse produto da fecundação. Mas o fato é que de alguma forma driblamos esta probabilidade igual a zero, e inegavelmente estamos aqui, como seres com imaginação, vontade, amor, inteligência e toda uma série de complexidades que vibram dentro de cada um de nós. Somos o milagre da vida!
E a razão e a emoção são o que nos foi dado para perceber quais os caminhos que podem e devem ser trilhados. Tudo em todas as direções é infinito, mas nós somos limitados. Nunca entenderemos tudo, por mais que nos esforcemos nesta busca. Apesar desta verdade, por qualquer ótica todas as respostas estarão sempre em você, em como cada um interpretará e entenderá as mensagens que chegarão de seu entorno. O balanceamento entre a razão e a emoção é a chama a iluminar as nossas potenciais escolhas.
É, e sempre será, impossível a explicação de tudo. Tudo é paradoxal, mas o tudo além da nossa capacidade de entendimento não importa, o que importa é o que fazemos com aquilo que nossa capacidade nos permite entender, e como transformamos este tudo nas melhores escolhas que poderemos fazer enquanto estivermos por aqui.
O entendimento científico da humanidade nos mostra que o processo de seleção natural é uma realidade unilateral: quem prospera não são aqueles que necessariamente são melhores, mas aqueles que são mais adaptáveis. Estas lições nos são mostradas pela história dos mecanismos naturais e de evolução dos ancestrais humanos, assim como de todos os demais seres vivos com os quais compartilhamos este planeta. Uma história repleta não só de evoluções e desenvolvimentos, como de grandes extinções e enormes colapsos. Lições que carregamos quando tomamos as decisões e fazemos as escolhas que determinam a direção na qual vamos. Todas as escolhas ao final são individualmente nossas.
Somos seres independentes e incomparáveis, mas nunca caminhamos sós. A vida humana não se trata das nossas individualidades. Só existimos, como seres humanos, pela capacidade de convívio coletivo como espécie. Não temos como fugir desta seleção social, ela é o cerne da nossa natureza. Sobrevivemos pela lateralidade dos elos coletivos que nos unem e são construídos durante a nossa caminhada nesta vida. Somos uma espécie frágil, e contra todas as possibilidades de nos impormos sobre animais mais fortes e ferozes. Mas nos impusemos e imperamos! Só conseguimos nos impor pela nossa adaptabilidade e nossa capacidade de convívio em sociedade. É isto o que nos mostra a história dos mecanismos sociais e de evolução histórico-cultural da raça humana.
Dentro desta capacidade de convívio coletivo fomos capazes de construir e criar as liberdades de escolha sem perder a capacidade coletiva, o que propiciou um livre convívio de ideias e viabilizou a seleção das mais adaptáveis para a prosperidade social coletiva, num processo pendente de entendimento, pelo menos da maioria de nós. A história da humanidade nos prova: ainda que os processos de metamorfose e mutações sejam puxados pelas inovações de uma minoria mais capacitada, a maturação depende da capacidade de entendimento coletivo senão da quase totalidade, ao menos da ampla maioria. É por isso que sociedades humanas são tão complexas, porque representam a soma de uma enorme variedade de complexidades individuais que precisam conviver.
Tais complexidades fazem a humanidade ir e voltar, avançar e regredir. Assim como um coração pulsante, toda a vida pulsa ritmicamente num ir e vir. É igual ao que somos como indivíduos, pois ao longo de nossas vidas igualmente vamos e voltamos, avançamos e regredimos em nossa consciência. Alguns não são capazes de absorver as lições ao seu entorno e estagnam. Nada que estejamos livres de sofrer também a nível grupal e coletivo como espécie. O que nos trouxe até aqui não foram nossas capacidades individuais de compreensão, mas nossa capacidade de compartilhar conhecimento, e de agregar um conhecimento coletivo como espécie é o que há transcendido o tempo. Somente o tempo para fazer verdades ecoarem. Um exemplo: foram dois mil anos entre as primeiras percepções da esfericidade do Planeta Terra, observadas por Pitágoras por volta de 500 a.C., até a aceitação disto como uma verdade coletiva, que só veio a se concretizar por volta de 1.500 d.C.. Da mesma forma, individualmente: quantas lições a vida nos mostrou que só fomos capazes de aprender com a maturidade trazida pelo tempo? Assim somos como indivíduos e assim somos em nossa coletividade. Depende apenas da capacidade de percepção que nos guiará até as escolhas mais acertadas. E é isto que se deseja facilitar aqui. Tudo nesta nossa passagem pela vida depende da nossa capacidade de aprender e de transformar conhecimento em opções que nos levem a nos desenvolver e a evoluir.
Nossa vida não tem a ver com de onde partimos. Nossa passagem por esta vida tem a ver com onde chegamos a partir do local de onde partimos. Ao final dela, não importará nem o ponto de partida e nem o ponto de chegada - do pó viemos e ao pó voltaremos - somente importará a trajetória feita ao longo desta caminhada.
Somos produtos das nossas escolhas individuais, sociais, políticas e econômicas. Tudo que nos cerca também está envolto por seleções que envolvem a capacidade de gerar recursos. Há uma matricialidade nas diferentes coletividades. De forma mais simples e objetiva: as diferentes escolhas que proporcionam uma maior eficiência em prol da melhor prosperidade. O grande tema geral da história humana se relaciona à capacidade de desenvolvimento de estruturas coletivas mais adequadas para assegurar a sobrevivência no respectivo ambiente particular onde o ser humano está vivendo, construindo direcionamentos de seu comportamento. Nesta caminhada de subsequentes escolhas, nunca é possível frear a nossa simpatia, mesmo quando instados pela razão, sem deteriorar a parte mais nobre de nossa natureza. Temos que aprender a saber fazer as escolhas que proporcionarão equilíbrio entre as nossas forças interiores de formação de temperamento e caráter, que são únicas dentro de cada um de nós. Não há um molde replicável a todos. Cada um tem as melhores escolhas dentre as possíveis dentro de si próprio. Cabe a cada um de nós encontrá-las. As melhores respostas são aquelas que estão ao nosso entorno e ao nosso alcance, cabe termos a capacidade de enxergá-las e interpretá-las.
Serve para um, serve para todos. O que torna as sociedades ricas ou pobres é a capacidade humana de cada uma - seus níveis de formação educacional, de capacidade de coesão social, e de organização em instituições - ou seja, seu capital humano. É a regra para pessoas, para comunidades, para países, ou para o planeta inteiro. Sociedades pobres são pobres não por carecer de recursos, mas sim pelas não construções eficientes de organização. Por um outro prisma: sociedades ricas são ricas em grande parte porque conseguem se organizar de forma inclusiva ao longo de sua caminhada, transformando a soma de suas individualidades em forças coletivas. Paradoxalmente, e em sentido oposto: cada indivíduo para evoluir precisa entender quais são as forças maiores que podem guiá-lo, e como organizá-las a seu favor.
Tudo é escolha. E as escolhas são moldadas pelo ambiente em que se vive. Tudo se trata de capacidade de adaptação: não se trata de fazer sempre a melhor escolha, trata-se de moldar a melhor escolha dentro das que eram verdadeiramente possíveis naquele espaço e naquele tempo.
Somos produtos da nossa capacidade de se adaptar ao nosso tempo e ao nosso espaço, ao mesmo tempo que temos a capacidade de moldá-lo na mesma cadência com que somos moldados por ele. O comportamento social coletivo humano é moldado pelas inúmeras transformações impostas pelas inovações criadas pela raça humana ao longo de sua história, com dinâmicas impostas por mecanismos de seleção natural e social, moldadas pelas seleções artificiais impostas pelas transformações culturais vividas. O passado nos mostra que nas sociedades nas quais a agressão compensava, os homens mais agressivos eram os que tinham mais filhos, e naquelas nas quais as habilidades de conciliação e de negociações pacíficas passaram a se sobrepor, as pessoas com estes traços foram as que deixavam suas marcas sobre as gerações seguintes. A humanidade vive de acordo a seu tempo, na coordenação do encontro de fluências ditadas por nosso universo, por nossa natureza carnal coletiva, e pelas características humanas ditadas pelo espírito e pela mente das individualidades que se encontram para conviver conjuntamente, mas tendo cada qual um propósito único.
Espaço e tempo não se dissociam, e há respostas que nos são constantemente dadas de todas as direções. O desenvolvimento humano não é linear. Na vida não há linearidade. A evolução não é uma linha reta rumo à racionalidade plena. Os processos de colapsos e reconstruções são parte da dinâmica evolutiva. A adaptabilidade em direção à melhor solução - individual e coletiva - é o que faz a evolução tanto no plano natural quanto nas lateralidades da vida em sociedade, quanto na matricialidade de relações das diferentes coletividades.
Mesmo sem linearidade, há evolução coletiva mesmo quando há perda da capacidade de percepção de detalhes que em outros tempos eram mais detalhadamente percebidos. Um exemplo é a capacidade da humanidade de observar o céu noturno. O progresso humano urbano fez com que com o tempo se perdesse a percepção coletiva do céu e do firmamento. Apesar desta "extinção", o entendimento da dinâmica astronômica não deixou de evoluir. Há infinitos outros casos similares em nossa história evolutiva. Ainda que isto não garanta que ao longo do processo aconteçam colapsos de conhecimento, com a sensibilidade de percepção de determinados fenômenos se perdendo no passado, segue havendo evolução enquanto o conjunto de conhecimentos humanos avança como consciência coletiva. Não são as pessoas que evoluem isoladamente, é o conhecimento acumulado da humanidade o que evolui.
Os comportamentos sociais coletivos são definidos pelas características individuais somadas em cada sociedade referentes às propensões a confiar em outras pessoas, em seguir regras e punir aqueles que não as seguem, em ser introvertido ou extrovertido, em ter capacidade de assumir riscos, ter reações violentas, pegar em armas, ter capacidade de diplomacia, entre tantas outras escolhas feitas no plano individual, que se somam para formar quando maioria, a característica cultural da manifestação coletiva. Escolhas são individuais, conjunto de escolhas formam a cultura.
Tudo converge para a reflexão de propósito aqui desejada, produto de uma série de reflexões entre o você e o tudo. Você é tudo. E o tudo está o tempo todo em volta de você, esperando para ser entendido, aproveitado, absorvido, de forma que viva dentro de você. Esta será a viagem aqui proposta: o entendimento de como você e o todo se relacionam, e como tudo é sinal para as escolhas que cada um optará por fazer ao longo de sua jornada nesta vida. Esta é a verdade nos mostrada por nosso universo, nossa natureza e nossa humanidade. A verdade refletida por nossa terra, nossa crença, nosso conhecimento e nossas habilidades. Fruto das escolhas balanceadas pelas emoções dos espíritos referentes a coragem, bondade, maldade, cooperação e competição que carregamos em nós. Fruto do aprendizado nos proporcionado por nossos fracassos, e fruto das decisões que tomamos guiadas pela razão que há dentro das nossas mentes. Somos o produto de nossas escolhas!
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